Venho tentado ser uma boa pessoa, fazer as coisas como devem ser. Venho fingindo que está tudo bem e até que nem percebi que me deixaram falando sozinha sobre a experiência mais emocionate de minha vida. Mas deixa prá lá! Quem sou eu, afinal? Que importância tenho diante de tantas pessoas tão talentosas e tão menos inúteis do que eu.
Eu queria ter a decência de usar calcinhas mais caras. O que esperar de uma pessoa que compra suas roupas íntimas em balaios de promoção em supermercado? Eu não dou nada por mim, nem por nenhum ato meu.
Uso calças que não beneficiam meu corpo. Apertam minha bunda, são folgadas na cintura, mostram o umbigo, sobram pano nas pernas finas que tenho. Porém são baratas e compradas nos balaios de supermercado, vizinho ao de calcinhas.
Meu cabelo não gosta de mim, está sempre armado e as pontas parecem palha. Uso cremes cuja embalagens trazer modelos com cabelo naturalmente liso. Eu queria não perceber que me fazem de besta.
Outro dia minha avó me disse que tinha sido dela a idéia de me chamar de Carolina. E desde então sou mais uma Carol, entre tantas que enche ruas, filas de banco e puteiros.
Ter esse nome é não ter o direito de ser chamada por ele. A pessoa mal bem conhece e já vem com um Carol prá cima de mim. Eu não gosto! Mas eu não respondo, pra evitar confusão.
O problema não é o Carol, pois esse realmente é meu apelido. Mas apelido é prá conhecidos, pra pessoas queridas, não pra desconhecidos que esquecem meu rosto antes de eu virar a esquina. Eu tenho gastrite.
Ontem Fábio me ligou. Disse que tava cheio de trabalho, que a mãe adoeceu e ele terá que dar assistência e que o carro tá quebrado. Só precisava de uma desculpa para não me ver esse final de semana, ele deu três. Ele está me enganando mais uma vez, o que já estou acostumada.
Terça retrasada fingi que não percebi que havia uma calcinha desconhecida pendurada no varal de sua casa. Não sendo minha e se dele, único morador da casa, não começou a usar peças íntimas femininas, só pode ser de outra mulher. Outra.
Só uma vez reagi. Nunca Fábio me deu a ilusão que era fiel, mas há três meses eu encontrei um par de brincos de conchinha na prateleira do armário de banheiro da casa dele. Meus olhos se encheram de lágrimas, mas guardei aqueles brincos no bolso da calça e falei nada. Aquele brinco queimou a minha calça até o anoitecer, quando voltei prá casa. No dia seguinte, inventei uma desculpa incrível para irmos nos shopping e como sempre, guardei o chaveiro dele na minha bolsa "para não perder". Quando estávamos na C&A, consegui me perder dele e fui correndo ao chaveiro, que ficava no mesmo piso, fazer uma cópia da chave da casa dele.
Eu queria ter a decência de usar calcinhas mais caras. O que esperar de uma pessoa que compra suas roupas íntimas em balaios de promoção em supermercado? Eu não dou nada por mim, nem por nenhum ato meu.
Uso calças que não beneficiam meu corpo. Apertam minha bunda, são folgadas na cintura, mostram o umbigo, sobram pano nas pernas finas que tenho. Porém são baratas e compradas nos balaios de supermercado, vizinho ao de calcinhas.
Meu cabelo não gosta de mim, está sempre armado e as pontas parecem palha. Uso cremes cuja embalagens trazer modelos com cabelo naturalmente liso. Eu queria não perceber que me fazem de besta.
Outro dia minha avó me disse que tinha sido dela a idéia de me chamar de Carolina. E desde então sou mais uma Carol, entre tantas que enche ruas, filas de banco e puteiros.
Ter esse nome é não ter o direito de ser chamada por ele. A pessoa mal bem conhece e já vem com um Carol prá cima de mim. Eu não gosto! Mas eu não respondo, pra evitar confusão.
O problema não é o Carol, pois esse realmente é meu apelido. Mas apelido é prá conhecidos, pra pessoas queridas, não pra desconhecidos que esquecem meu rosto antes de eu virar a esquina. Eu tenho gastrite.
Ontem Fábio me ligou. Disse que tava cheio de trabalho, que a mãe adoeceu e ele terá que dar assistência e que o carro tá quebrado. Só precisava de uma desculpa para não me ver esse final de semana, ele deu três. Ele está me enganando mais uma vez, o que já estou acostumada.
Terça retrasada fingi que não percebi que havia uma calcinha desconhecida pendurada no varal de sua casa. Não sendo minha e se dele, único morador da casa, não começou a usar peças íntimas femininas, só pode ser de outra mulher. Outra.
Só uma vez reagi. Nunca Fábio me deu a ilusão que era fiel, mas há três meses eu encontrei um par de brincos de conchinha na prateleira do armário de banheiro da casa dele. Meus olhos se encheram de lágrimas, mas guardei aqueles brincos no bolso da calça e falei nada. Aquele brinco queimou a minha calça até o anoitecer, quando voltei prá casa. No dia seguinte, inventei uma desculpa incrível para irmos nos shopping e como sempre, guardei o chaveiro dele na minha bolsa "para não perder". Quando estávamos na C&A, consegui me perder dele e fui correndo ao chaveiro, que ficava no mesmo piso, fazer uma cópia da chave da casa dele.
No sábado seguinte, ele me deixou às 10 hs em casa, dizendo que ia visitar a mãe. Fiz que entrava em casa, mas fui pra o ponto de ônibus.
Realmente ele não estava em casa quando cheguei, então resolvi esperar. Menos de duas horas depois giraram a chave na fechadura. A mulher demostrou surpresa, já Fábio se portou como se fosse esperado que eu estivesse lá. Ela não era mais bonita, nem mais feia, aparentava ter a minha idade e a minha altura.
Respirei fundo e me apresentei:
- Olá! Sou Carolina!
- Ah! Você é a irmã de Fabinho, né? Ele já mostrou sua foto no celular dele.
- Eu sou sua irmã, Fábio?
- Não, não é.
A mulher, coitada, não sabia que ele tinha namorada. Ela olhou prá mim e prá Fábio como se pedisse uma resposta. Eu vi a ficha caindo, pela expressão dela.
- Esse brinco é seu? - abri a mão, mostrando seu conteúdo
- Fabinho, quem é ela? - já estava com os olhos cheios de lágrimas.
- Já que estamos nessa situação, o melhor é eu apresenta-las. Essa é Carol, minha namorada há mais de um ano e essa é Rose, com quem eu tenho uma bonita história. - Você tinha uma história! - saiu a tal Rose chorando.
Fábio foi atrás dela. Como já havia feito o que precisava, também fui embora. Ainda vi a tal Rose sentada num banco da pracinha chorando copiosamente. Fábio deve ter fugido para um lugar bem longe de nós duas, como bom homem covarde que é.
No dia seguinte, Fábio apareceu em minha casa para irmos comer uma pizza. Não tocamos no assunto sobre o que havia ocorrido. Desde então, é como se nada tivesse acontecido.
Você pode me perguntar por que continuo com ele. Não é tão complicado de entender: quando estamos juntos, ele age como se não existisse mais mulher nenhuma no mundo. Me faz sentir especial! Mesmo que ele me faça de besta, afinal as outras mulheres são só as outras. Eu que sou oficialmente sua namorada, conhecida pela família e amigos.
Passo o dia sorrindo no trabalho, mas é um sorriso burocrático, não é felicidade. Sou expositora de café. Passo meus dias na luz fria de uma grande supermercado sorrindo, oferecendo cafezinhos e exaltando as qualidades do produto. As vezes, a empresa me envia para um supermercado diferente, mas na verdade só muda o endereço, porque por dentro, todos são iguais. As prateleiras, os funcionários, os produtos, os clientes, são sempre os mesmos independente de que ponto da cidade eu esteja.
Tudo é igual, nada é diferente em minha vida. Não sei se realmente há algum sentido nisso tudo. Também já estou cheia das pessoas me dizerem que sou nova e posso dar um novo rumo à minha vida. Todos os caminhos levam ao mesmo lugar, a diferença que alguns são asfaltados e outros não.
Mas... a senhora e o senhor aceitam um cafezinho?