Desde 2006 servindo algumas lasanhas e muitas abobrinhas.

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terça-feira, 25 de dezembro de 2007

Confissões de Carolina

Venho tentado ser uma boa pessoa, fazer as coisas como devem ser. Venho fingindo que está tudo bem e até que nem percebi que me deixaram falando sozinha sobre a experiência mais emocionate de minha vida. Mas deixa prá lá! Quem sou eu, afinal? Que importância tenho diante de tantas pessoas tão talentosas e tão menos inúteis do que eu.

Eu queria ter a decência de usar calcinhas mais caras. O que esperar de uma pessoa que compra suas roupas íntimas em balaios de promoção em supermercado? Eu não dou nada por mim, nem por nenhum ato meu.
Uso calças que não beneficiam meu corpo. Apertam minha bunda, são folgadas na cintura, mostram o umbigo, sobram pano nas pernas finas que tenho. Porém são baratas e compradas nos balaios de supermercado, vizinho ao de calcinhas.
Meu cabelo não gosta de mim, está sempre armado e as pontas parecem palha. Uso cremes cuja embalagens trazer modelos com cabelo naturalmente liso. Eu queria não perceber que me fazem de besta.

Outro dia minha avó me disse que tinha sido dela a idéia de me chamar de Carolina. E desde então sou mais uma Carol, entre tantas que enche ruas, filas de banco e puteiros.
Ter esse nome é não ter o direito de ser chamada por ele. A pessoa mal bem conhece e já vem com um Carol prá cima de mim. Eu não gosto! Mas eu não respondo, pra evitar confusão.
O problema não é o Carol, pois esse realmente é meu apelido. Mas apelido é prá conhecidos, pra pessoas queridas, não pra desconhecidos que esquecem meu rosto antes de eu virar a esquina. Eu tenho gastrite.

Ontem Fábio me ligou. Disse que tava cheio de trabalho, que a mãe adoeceu e ele terá que dar assistência e que o carro tá quebrado. Só precisava de uma desculpa para não me ver esse final de semana, ele deu três. Ele está me enganando mais uma vez, o que já estou acostumada.
Terça retrasada fingi que não percebi que havia uma calcinha desconhecida pendurada no varal de sua casa. Não sendo minha e se dele, único morador da casa, não começou a usar peças íntimas femininas, só pode ser de outra mulher. Outra.
Só uma vez reagi. Nunca Fábio me deu a ilusão que era fiel, mas há três meses eu encontrei um par de brincos de conchinha na prateleira do armário de banheiro da casa dele. Meus olhos se encheram de lágrimas, mas guardei aqueles brincos no bolso da calça e falei nada. Aquele brinco queimou a minha calça até o anoitecer, quando voltei prá casa. No dia seguinte, inventei uma desculpa incrível para irmos nos shopping e como sempre, guardei o chaveiro dele na minha bolsa "para não perder". Quando estávamos na C&A, consegui me perder dele e fui correndo ao chaveiro, que ficava no mesmo piso, fazer uma cópia da chave da casa dele.
No sábado seguinte, ele me deixou às 10 hs em casa, dizendo que ia visitar a mãe. Fiz que entrava em casa, mas fui pra o ponto de ônibus.
Realmente ele não estava em casa quando cheguei, então resolvi esperar. Menos de duas horas depois giraram a chave na fechadura. A mulher demostrou surpresa, já Fábio se portou como se fosse esperado que eu estivesse lá. Ela não era mais bonita, nem mais feia, aparentava ter a minha idade e a minha altura.
Respirei fundo e me apresentei:
- Olá! Sou Carolina!
- Ah! Você é a irmã de Fabinho, né? Ele já mostrou sua foto no celular dele.
- Eu sou sua irmã, Fábio?
- Não, não é.
A mulher, coitada, não sabia que ele tinha namorada. Ela olhou prá mim e prá Fábio como se pedisse uma resposta. Eu vi a ficha caindo, pela expressão dela.
- Esse brinco é seu? - abri a mão, mostrando seu conteúdo
- Fabinho, quem é ela? - já estava com os olhos cheios de lágrimas.
- Já que estamos nessa situação, o melhor é eu apresenta-las. Essa é Carol, minha namorada há mais de um ano e essa é Rose, com quem eu tenho uma bonita história. - Você tinha uma história! - saiu a tal Rose chorando.
Fábio foi atrás dela. Como já havia feito o que precisava, também fui embora. Ainda vi a tal Rose sentada num banco da pracinha chorando copiosamente. Fábio deve ter fugido para um lugar bem longe de nós duas, como bom homem covarde que é.
No dia seguinte, Fábio apareceu em minha casa para irmos comer uma pizza. Não tocamos no assunto sobre o que havia ocorrido. Desde então, é como se nada tivesse acontecido.
Você pode me perguntar por que continuo com ele. Não é tão complicado de entender: quando estamos juntos, ele age como se não existisse mais mulher nenhuma no mundo. Me faz sentir especial! Mesmo que ele me faça de besta, afinal as outras mulheres são só as outras. Eu que sou oficialmente sua namorada, conhecida pela família e amigos.
Passo o dia sorrindo no trabalho, mas é um sorriso burocrático, não é felicidade. Sou expositora de café. Passo meus dias na luz fria de uma grande supermercado sorrindo, oferecendo cafezinhos e exaltando as qualidades do produto. As vezes, a empresa me envia para um supermercado diferente, mas na verdade só muda o endereço, porque por dentro, todos são iguais. As prateleiras, os funcionários, os produtos, os clientes, são sempre os mesmos independente de que ponto da cidade eu esteja.
Tudo é igual, nada é diferente em minha vida. Não sei se realmente há algum sentido nisso tudo. Também já estou cheia das pessoas me dizerem que sou nova e posso dar um novo rumo à minha vida. Todos os caminhos levam ao mesmo lugar, a diferença que alguns são asfaltados e outros não.
Mas... a senhora e o senhor aceitam um cafezinho?

sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

A Amy Winehouse nossa de cada dia.

Ultimamente, quando se fala em Amy Winehouse, sempre se associa à: escândalos, consumo excessivo de álcool e drogas, tatuagens, a magreza, o penteado, etc. E não é à toa! Todos os dias somos brindados com um novo fato sobre ela e/ou a prisão do marido.

No fundo, todas essas notícias de consumo de drogas, escândalos, cancelamento de shows é sobre um só assunto: a entrega da cantora ao amor que sente ao marido. Por que ela não só ama, ela se entrega completamente à esse relaciomento, agindo de uma maneira muito contraria a razão. Como se a razão tivesse vez quando se está arrebatadoramente apaixonada!

É conhecido que o álbum maravilhoso "Back to black" foi composto quando Amy estava em plena dor-de-cotovelo por estar separada de Blake, seu marido. Na verdade, ela queria era um "Back to BLAKE". E como esse sentimento de perda, de desespero, essa dor tão íntima é conhecida por todos, não foi difícil se identificar pelas canções do álbum. Canções emoduradas pela voz marcante de Amy.

E agora, que o cara está preso, de novo todo aquele tormento se faz, mas agora de maneira pública, já que o "B2B" a tornou famosa fora da Inglaterra. Cenas de choro, porres, declarações desmedidas de amor, o sofrimento é logo divulgado pelos tablóides para todo o mundo.

Em tempos de tanta indivuidualizada, confesso que me comove tanta demostração de entrega e sentimento. Mesmo que seja feito de uma maneira bem destrutiva e, até, mortal. Atualmente, as pessoas para sobreviverem tem se tornado cínicas e se armam de todas maneiras, como forma de defesa. E vemos Amy Winehouse me lembrando e me qustionando do que também vale tanta racionalidade e pseudo-controle.

Eu tenho uma amiga chamada Roquelina que me disse certa feita: "Tudo que as mulheres querem não é poder e sim serem amadas!" Na hora eu discordei, mas ouvindo Amy essa minha opinião fraqueja!

Realmente, estamos conseguindo o sucesso profissional, temos nossa grana, o controle do tamanho de nossas saias e tudo mais que a emancipação feminina nos trouxe. Mas, só isso está nos trazendo a felicidade? Será que o grande sonho feminino é ainda se casar, adotar o sobrenome do marido e ter filhinhos?

Enquanto pensa sobre o assunto, esse vídeo altamente passional:

"Love is a losing game"


Tradução pelo site do Terra:

O Amor É Um Jogo De Azar

Para você eu fui uma chama
O amor é um jogo de azar
Cinco andares pegaram fogo quando você veio
O amor é um jogo de azar

Por que eu desejo nunca nunca ter jogado?
Oh, que bagunça nós fizemos
E agora a cena final
O amor é um jogo de azar

Tocado pela banda
O amor é uma mão de jogo perdida
Mais do que eu poderia agüentar
O amor é um jogo de azar

Auto-confessado... profundo
Até as fichas acabarem
Saiba que você é um apostador
O amor é uma mão de jogo perdida

Apesar de estar bastante cega
O amor é um destino resignado
Memórias prejudicam minha mente
O amor é um destino resignado

Apesar das probabilidades fúteis
E das risadas dos deuses
E agora a cena final
O amor é um jogo de azar

segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

La Cumbuca

Há um tempinho atrás, o pessoal da comunidade do Ronca Ronca resolveu fazer um blog coletivo sobre música, chamado La Cumbuca . Claro que logo me ofereci prá participar, mas... eu ia escrever sobre música?!

Minha primeira pergunta foi: "Posso escrever um conto lá?" que ficou sem resposta.
E prá complicar, as outras pessoas do blog são do Rio de Janeiro. E acabou-se que via posts e agenda sobre os shows e bandas de lá!

Mas, convicta que a cena de Rock de Salvador é muito boa e merece mais atenção das pessoas daqui e de todo Brasil, resolvi me arriscar e escrever sobre as bandas e shows daqui, Salvador!

Mas por qual banda começar? Cascadura? Ronei Jorge e os Ladrões de Bicicleta? Lou? Mulher Barbada? Retrofoguetes? Sim... Retrofoguetes seria perfeito! A banda que me despertou prá o rock feito aqui iria ser a primeira a ganhar um texto!

E assim foi feito, escrito no próprio blog de uma sentada só, descrevi quando conheci a banda e de quebra, coloquei um vídeo daquela apresentação despertadora.

Meu primeiro textozinho no La Cumbuca, sobre o Retrofoguetes, aqui !

domingo, 16 de dezembro de 2007

"Não consigo tirar meus olhos de você"



A tradução:

A Filha do Vento
Damien Rice

E então é isso
como você disse que seria
A vida corre fácil pra mim
A maioria das vezes
E então é isso
A história mais curta
Sem amor, sem glória
Sem herói no céu dela

Não consigo tirar meus olhos de você
Não consigo tirar meus olhos de você
Não consigo tirar meus olhos de Você
Não consigo tirar meus olhos de você
Não consigo tirar meus olhos...

E então é isso
Como você falou que deveria ser
Nós dois esqueceremos a brisa

A maioria das vezes
E então é isso
A água gelada
A filha do vento
A aluna rejeitada

Não consigo tirar meus olhos de você
Não consigo tirar meus olhos de você
Não consigo tirar meus olhos de você
Não consigo tirar meus olhos de você
Não consigo tirar meus olhos...

Eu disse que te amei?
Eu disse que quero deixar
Tudo para trás?

Não consigo parar de pensar em você
Não consigo parar de pensar em você
Não consigo parar de pensar em você
Não consigo parar de pensar em você
Não consigo parar de pensar em você
Não consigo parar de pensar em você

Meus pensamentos...Meus pensamentos...
Até conhecer uma nova pessoa.

terça-feira, 11 de dezembro de 2007

A campainha.

Quando soaram a campainha, Isabel estava escovando os dentes. Mesmo assim, foi correndo olhar no olho-mágico pra ver quem era. Seu rosto se comprimiu quando descobriu quem era. Isabel voltou ao banheiro pra terminar de escovar os dentes.
Quando soaram de novo a campainha, Isabel estava passando tônico facial. Ela não correu ao olho-mágico, pois já sabia quem era. Começou a passar o hidratante.
Quando a campainha soou pela terceira vez, Isabel estava passando o hidratante no nariz. Talvez fosse melhor atender logo a porta.

Não havia motivos para Isabel não ter atendido logo. Há meses atrás, abriria a porta antes mesmo que a campainha fosse acionada. Porém, os comentários idiotas depois de assistirem cada filme, o gosto por suco de tangerina, a piada que era sempre repetida, o fato de ele não usar meias, o cabelo repartido ao meio e o apelido de “Potoquinha”, foi minando toda aquele interesse que ela tinha.
Mas como, afinal, ele era um amor de pessoa com ela, tratando-a como há muito nenhum homem havia lhe tratado, Isabel ia levando aquela relação. Mas sem frio na barriga, sem vontade de estar o mais linda possível, sem paciência, sem humor. Aquilo não tinha mais graça nenhuma!
Mas e se terminasse com ele e depois se arrependesse? Não pela saudade ou porque ela possivelmente descobriria que gostava mesmo dele, isso ela sabia que não iria acontecer. Mas ela temia se arrepender de largar um cara que era cavalheiro, carinhoso e atencioso e acabasse com outro cara cafajeste que a mal-tratasse. Infelizmente, mesmo com os comentários idiotas, mesmo com o suco de tangerina, com o cabelo repartido ao meio e sem as meias, homens gentis e atenciosos, como seu namorado, estavam em falta no mercado.

Isabel tinha que escolher entre uma relação morna que não lhe dizia mais respeito e voltar a solterice e se expor, de novo, a ser maltratada por homens interessantíssimos mas que não queriam compromisso.
Sem correr, mas também não tão lentamente, Isabel se dirigiu a porta. Ainda ouviu a campainha outra vez e quando estava pra girar a maçaneta, ouviu ele gritar lá fora:
- Abra, Potoquinha! Eu sei que você está aí!
Uma onda fria passou pela espinha, a mão de Isabel congelou no ar. Respirou fundo e foi para o quarto. Ainda ouviu a campainha outra vez antes de colocar os fones do disc-man. Nunca havia ouvido Bethânia cantar tão alto:
“Negue seu amor, o seu carinho
Diga que você já me esqueceu
Pise, machucando com jeitinho
Este coração que ainda é seu”...

P.S. A música citada é “Negue”, de Adelino Moreira e Enzo de Almeida Passos.

sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

Vinho barato, conversa fiada e vamos mudar o mundo!

Mesmo rodando por ai, me enganando,
é em seu ombro que vou sempre parar.
E mesmo que tenha estado longe, sonhando
quando eu voltar, você vai me escutar.
As vezes me senti traída, até esquecida.
Foi só um pé de vento que derrubou a roupa do varal.
Roupas sujas foram relavadas e espremidas.
Tudo bem, aquilo não foi normal!
Se fujo, é porque você devia estar na mesma escada
E não aí no térreo onde se enraizou
Eu, triste, ouvi calada
As reclamações por tudo aquilo que não foi.
Mas não vou reclamar, você estará aí
Me ouvirá, mesmo que no fim eu seja a estranha
E comentará como mudei, quando eu sair
Como se fosse uma façanha.