Desde 2006 servindo algumas lasanhas e muitas abobrinhas.

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terça-feira, 25 de dezembro de 2007

Confissões de Carolina

Venho tentado ser uma boa pessoa, fazer as coisas como devem ser. Venho fingindo que está tudo bem e até que nem percebi que me deixaram falando sozinha sobre a experiência mais emocionate de minha vida. Mas deixa prá lá! Quem sou eu, afinal? Que importância tenho diante de tantas pessoas tão talentosas e tão menos inúteis do que eu.

Eu queria ter a decência de usar calcinhas mais caras. O que esperar de uma pessoa que compra suas roupas íntimas em balaios de promoção em supermercado? Eu não dou nada por mim, nem por nenhum ato meu.
Uso calças que não beneficiam meu corpo. Apertam minha bunda, são folgadas na cintura, mostram o umbigo, sobram pano nas pernas finas que tenho. Porém são baratas e compradas nos balaios de supermercado, vizinho ao de calcinhas.
Meu cabelo não gosta de mim, está sempre armado e as pontas parecem palha. Uso cremes cuja embalagens trazer modelos com cabelo naturalmente liso. Eu queria não perceber que me fazem de besta.

Outro dia minha avó me disse que tinha sido dela a idéia de me chamar de Carolina. E desde então sou mais uma Carol, entre tantas que enche ruas, filas de banco e puteiros.
Ter esse nome é não ter o direito de ser chamada por ele. A pessoa mal bem conhece e já vem com um Carol prá cima de mim. Eu não gosto! Mas eu não respondo, pra evitar confusão.
O problema não é o Carol, pois esse realmente é meu apelido. Mas apelido é prá conhecidos, pra pessoas queridas, não pra desconhecidos que esquecem meu rosto antes de eu virar a esquina. Eu tenho gastrite.

Ontem Fábio me ligou. Disse que tava cheio de trabalho, que a mãe adoeceu e ele terá que dar assistência e que o carro tá quebrado. Só precisava de uma desculpa para não me ver esse final de semana, ele deu três. Ele está me enganando mais uma vez, o que já estou acostumada.
Terça retrasada fingi que não percebi que havia uma calcinha desconhecida pendurada no varal de sua casa. Não sendo minha e se dele, único morador da casa, não começou a usar peças íntimas femininas, só pode ser de outra mulher. Outra.
Só uma vez reagi. Nunca Fábio me deu a ilusão que era fiel, mas há três meses eu encontrei um par de brincos de conchinha na prateleira do armário de banheiro da casa dele. Meus olhos se encheram de lágrimas, mas guardei aqueles brincos no bolso da calça e falei nada. Aquele brinco queimou a minha calça até o anoitecer, quando voltei prá casa. No dia seguinte, inventei uma desculpa incrível para irmos nos shopping e como sempre, guardei o chaveiro dele na minha bolsa "para não perder". Quando estávamos na C&A, consegui me perder dele e fui correndo ao chaveiro, que ficava no mesmo piso, fazer uma cópia da chave da casa dele.
No sábado seguinte, ele me deixou às 10 hs em casa, dizendo que ia visitar a mãe. Fiz que entrava em casa, mas fui pra o ponto de ônibus.
Realmente ele não estava em casa quando cheguei, então resolvi esperar. Menos de duas horas depois giraram a chave na fechadura. A mulher demostrou surpresa, já Fábio se portou como se fosse esperado que eu estivesse lá. Ela não era mais bonita, nem mais feia, aparentava ter a minha idade e a minha altura.
Respirei fundo e me apresentei:
- Olá! Sou Carolina!
- Ah! Você é a irmã de Fabinho, né? Ele já mostrou sua foto no celular dele.
- Eu sou sua irmã, Fábio?
- Não, não é.
A mulher, coitada, não sabia que ele tinha namorada. Ela olhou prá mim e prá Fábio como se pedisse uma resposta. Eu vi a ficha caindo, pela expressão dela.
- Esse brinco é seu? - abri a mão, mostrando seu conteúdo
- Fabinho, quem é ela? - já estava com os olhos cheios de lágrimas.
- Já que estamos nessa situação, o melhor é eu apresenta-las. Essa é Carol, minha namorada há mais de um ano e essa é Rose, com quem eu tenho uma bonita história. - Você tinha uma história! - saiu a tal Rose chorando.
Fábio foi atrás dela. Como já havia feito o que precisava, também fui embora. Ainda vi a tal Rose sentada num banco da pracinha chorando copiosamente. Fábio deve ter fugido para um lugar bem longe de nós duas, como bom homem covarde que é.
No dia seguinte, Fábio apareceu em minha casa para irmos comer uma pizza. Não tocamos no assunto sobre o que havia ocorrido. Desde então, é como se nada tivesse acontecido.
Você pode me perguntar por que continuo com ele. Não é tão complicado de entender: quando estamos juntos, ele age como se não existisse mais mulher nenhuma no mundo. Me faz sentir especial! Mesmo que ele me faça de besta, afinal as outras mulheres são só as outras. Eu que sou oficialmente sua namorada, conhecida pela família e amigos.
Passo o dia sorrindo no trabalho, mas é um sorriso burocrático, não é felicidade. Sou expositora de café. Passo meus dias na luz fria de uma grande supermercado sorrindo, oferecendo cafezinhos e exaltando as qualidades do produto. As vezes, a empresa me envia para um supermercado diferente, mas na verdade só muda o endereço, porque por dentro, todos são iguais. As prateleiras, os funcionários, os produtos, os clientes, são sempre os mesmos independente de que ponto da cidade eu esteja.
Tudo é igual, nada é diferente em minha vida. Não sei se realmente há algum sentido nisso tudo. Também já estou cheia das pessoas me dizerem que sou nova e posso dar um novo rumo à minha vida. Todos os caminhos levam ao mesmo lugar, a diferença que alguns são asfaltados e outros não.
Mas... a senhora e o senhor aceitam um cafezinho?

sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

A Amy Winehouse nossa de cada dia.

Ultimamente, quando se fala em Amy Winehouse, sempre se associa à: escândalos, consumo excessivo de álcool e drogas, tatuagens, a magreza, o penteado, etc. E não é à toa! Todos os dias somos brindados com um novo fato sobre ela e/ou a prisão do marido.

No fundo, todas essas notícias de consumo de drogas, escândalos, cancelamento de shows é sobre um só assunto: a entrega da cantora ao amor que sente ao marido. Por que ela não só ama, ela se entrega completamente à esse relaciomento, agindo de uma maneira muito contraria a razão. Como se a razão tivesse vez quando se está arrebatadoramente apaixonada!

É conhecido que o álbum maravilhoso "Back to black" foi composto quando Amy estava em plena dor-de-cotovelo por estar separada de Blake, seu marido. Na verdade, ela queria era um "Back to BLAKE". E como esse sentimento de perda, de desespero, essa dor tão íntima é conhecida por todos, não foi difícil se identificar pelas canções do álbum. Canções emoduradas pela voz marcante de Amy.

E agora, que o cara está preso, de novo todo aquele tormento se faz, mas agora de maneira pública, já que o "B2B" a tornou famosa fora da Inglaterra. Cenas de choro, porres, declarações desmedidas de amor, o sofrimento é logo divulgado pelos tablóides para todo o mundo.

Em tempos de tanta indivuidualizada, confesso que me comove tanta demostração de entrega e sentimento. Mesmo que seja feito de uma maneira bem destrutiva e, até, mortal. Atualmente, as pessoas para sobreviverem tem se tornado cínicas e se armam de todas maneiras, como forma de defesa. E vemos Amy Winehouse me lembrando e me qustionando do que também vale tanta racionalidade e pseudo-controle.

Eu tenho uma amiga chamada Roquelina que me disse certa feita: "Tudo que as mulheres querem não é poder e sim serem amadas!" Na hora eu discordei, mas ouvindo Amy essa minha opinião fraqueja!

Realmente, estamos conseguindo o sucesso profissional, temos nossa grana, o controle do tamanho de nossas saias e tudo mais que a emancipação feminina nos trouxe. Mas, só isso está nos trazendo a felicidade? Será que o grande sonho feminino é ainda se casar, adotar o sobrenome do marido e ter filhinhos?

Enquanto pensa sobre o assunto, esse vídeo altamente passional:

"Love is a losing game"


Tradução pelo site do Terra:

O Amor É Um Jogo De Azar

Para você eu fui uma chama
O amor é um jogo de azar
Cinco andares pegaram fogo quando você veio
O amor é um jogo de azar

Por que eu desejo nunca nunca ter jogado?
Oh, que bagunça nós fizemos
E agora a cena final
O amor é um jogo de azar

Tocado pela banda
O amor é uma mão de jogo perdida
Mais do que eu poderia agüentar
O amor é um jogo de azar

Auto-confessado... profundo
Até as fichas acabarem
Saiba que você é um apostador
O amor é uma mão de jogo perdida

Apesar de estar bastante cega
O amor é um destino resignado
Memórias prejudicam minha mente
O amor é um destino resignado

Apesar das probabilidades fúteis
E das risadas dos deuses
E agora a cena final
O amor é um jogo de azar

segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

La Cumbuca

Há um tempinho atrás, o pessoal da comunidade do Ronca Ronca resolveu fazer um blog coletivo sobre música, chamado La Cumbuca . Claro que logo me ofereci prá participar, mas... eu ia escrever sobre música?!

Minha primeira pergunta foi: "Posso escrever um conto lá?" que ficou sem resposta.
E prá complicar, as outras pessoas do blog são do Rio de Janeiro. E acabou-se que via posts e agenda sobre os shows e bandas de lá!

Mas, convicta que a cena de Rock de Salvador é muito boa e merece mais atenção das pessoas daqui e de todo Brasil, resolvi me arriscar e escrever sobre as bandas e shows daqui, Salvador!

Mas por qual banda começar? Cascadura? Ronei Jorge e os Ladrões de Bicicleta? Lou? Mulher Barbada? Retrofoguetes? Sim... Retrofoguetes seria perfeito! A banda que me despertou prá o rock feito aqui iria ser a primeira a ganhar um texto!

E assim foi feito, escrito no próprio blog de uma sentada só, descrevi quando conheci a banda e de quebra, coloquei um vídeo daquela apresentação despertadora.

Meu primeiro textozinho no La Cumbuca, sobre o Retrofoguetes, aqui !

domingo, 16 de dezembro de 2007

"Não consigo tirar meus olhos de você"



A tradução:

A Filha do Vento
Damien Rice

E então é isso
como você disse que seria
A vida corre fácil pra mim
A maioria das vezes
E então é isso
A história mais curta
Sem amor, sem glória
Sem herói no céu dela

Não consigo tirar meus olhos de você
Não consigo tirar meus olhos de você
Não consigo tirar meus olhos de Você
Não consigo tirar meus olhos de você
Não consigo tirar meus olhos...

E então é isso
Como você falou que deveria ser
Nós dois esqueceremos a brisa

A maioria das vezes
E então é isso
A água gelada
A filha do vento
A aluna rejeitada

Não consigo tirar meus olhos de você
Não consigo tirar meus olhos de você
Não consigo tirar meus olhos de você
Não consigo tirar meus olhos de você
Não consigo tirar meus olhos...

Eu disse que te amei?
Eu disse que quero deixar
Tudo para trás?

Não consigo parar de pensar em você
Não consigo parar de pensar em você
Não consigo parar de pensar em você
Não consigo parar de pensar em você
Não consigo parar de pensar em você
Não consigo parar de pensar em você

Meus pensamentos...Meus pensamentos...
Até conhecer uma nova pessoa.

terça-feira, 11 de dezembro de 2007

A campainha.

Quando soaram a campainha, Isabel estava escovando os dentes. Mesmo assim, foi correndo olhar no olho-mágico pra ver quem era. Seu rosto se comprimiu quando descobriu quem era. Isabel voltou ao banheiro pra terminar de escovar os dentes.
Quando soaram de novo a campainha, Isabel estava passando tônico facial. Ela não correu ao olho-mágico, pois já sabia quem era. Começou a passar o hidratante.
Quando a campainha soou pela terceira vez, Isabel estava passando o hidratante no nariz. Talvez fosse melhor atender logo a porta.

Não havia motivos para Isabel não ter atendido logo. Há meses atrás, abriria a porta antes mesmo que a campainha fosse acionada. Porém, os comentários idiotas depois de assistirem cada filme, o gosto por suco de tangerina, a piada que era sempre repetida, o fato de ele não usar meias, o cabelo repartido ao meio e o apelido de “Potoquinha”, foi minando toda aquele interesse que ela tinha.
Mas como, afinal, ele era um amor de pessoa com ela, tratando-a como há muito nenhum homem havia lhe tratado, Isabel ia levando aquela relação. Mas sem frio na barriga, sem vontade de estar o mais linda possível, sem paciência, sem humor. Aquilo não tinha mais graça nenhuma!
Mas e se terminasse com ele e depois se arrependesse? Não pela saudade ou porque ela possivelmente descobriria que gostava mesmo dele, isso ela sabia que não iria acontecer. Mas ela temia se arrepender de largar um cara que era cavalheiro, carinhoso e atencioso e acabasse com outro cara cafajeste que a mal-tratasse. Infelizmente, mesmo com os comentários idiotas, mesmo com o suco de tangerina, com o cabelo repartido ao meio e sem as meias, homens gentis e atenciosos, como seu namorado, estavam em falta no mercado.

Isabel tinha que escolher entre uma relação morna que não lhe dizia mais respeito e voltar a solterice e se expor, de novo, a ser maltratada por homens interessantíssimos mas que não queriam compromisso.
Sem correr, mas também não tão lentamente, Isabel se dirigiu a porta. Ainda ouviu a campainha outra vez e quando estava pra girar a maçaneta, ouviu ele gritar lá fora:
- Abra, Potoquinha! Eu sei que você está aí!
Uma onda fria passou pela espinha, a mão de Isabel congelou no ar. Respirou fundo e foi para o quarto. Ainda ouviu a campainha outra vez antes de colocar os fones do disc-man. Nunca havia ouvido Bethânia cantar tão alto:
“Negue seu amor, o seu carinho
Diga que você já me esqueceu
Pise, machucando com jeitinho
Este coração que ainda é seu”...

P.S. A música citada é “Negue”, de Adelino Moreira e Enzo de Almeida Passos.

sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

Vinho barato, conversa fiada e vamos mudar o mundo!

Mesmo rodando por ai, me enganando,
é em seu ombro que vou sempre parar.
E mesmo que tenha estado longe, sonhando
quando eu voltar, você vai me escutar.
As vezes me senti traída, até esquecida.
Foi só um pé de vento que derrubou a roupa do varal.
Roupas sujas foram relavadas e espremidas.
Tudo bem, aquilo não foi normal!
Se fujo, é porque você devia estar na mesma escada
E não aí no térreo onde se enraizou
Eu, triste, ouvi calada
As reclamações por tudo aquilo que não foi.
Mas não vou reclamar, você estará aí
Me ouvirá, mesmo que no fim eu seja a estranha
E comentará como mudei, quando eu sair
Como se fosse uma façanha.

domingo, 18 de novembro de 2007

Exclusão emocional.

- Mas por que eu estou me sujeitando à isso?
Levantou da cama e ligou o computador. Abriu o msn, bloqueou-o. No orkut, o excluiu. Pronto! Não teria que ver as atualizações de foto, nem as entradas e saídas do msn com aquele pensamento de "será que ele irá vim falar comigo?". E que se dane se ele perceber, coisa muito improvável.
Abriu os arquivos de fotos e deletou todas as fotos dele, porque o lugar dele é no lixo mesmo! E prá não entrar em tentação limpou a lixeira da memória do computador.
Essa atitude era ridícula? Era infantil? Podia ser! Mas prá que ainda manter amizade, nem que seja virtual com uma pessoa que na sua frente lhe tratava bem, às vezes, mas longe dela a esculhambava? Não, ela não merecia isso!
Pôde voltar prá cama prá dormir mais aliviada.

terça-feira, 30 de outubro de 2007

A felicidade me enviou um cartão de visita. Deixei num canto qualquer de minha mesa de trabalho.

Lúcia se olhava no espelho e sentia que era especial. Tinha olhos amendoados como se ninguém mais tivesse. Tinha cabelo comprido de escuras ondas. Era especial! Mal ela sabia que ser especial é ser igual à todas Lúcias, a todas que se olhavam no espelho, todas de olhos amendoados e cabelos com escuras ondas.
***************
Demostenes tinha vergonha de seu nome. Nome é identidade, é quem você é. Ele não queria ser Demostenes. Demo o quê? Nunca mais ouvir essa pergunta era o que desejava. Demo... Só podia ser coisa do Demônio mesmo, pensava batendo três vezes na madeira. Mas é o nome do médico que salvou sua vida em teu parto, menino! Não adiantava a mãe repetir. O Doutor Demostenes nem se lembra de sua existência. Mas o nome acabou sendo para sempre. Demo o quê? Demostenes. Como se soletra? D-E-M-O-S-T-E-N-E-S. Qual é mesmo a letra depois do T? Hora da chamada. Quando a professora fala seu nome, risadinhas. Dedé... liga não, porque eles são uns bobos. Não me chame de Dedé! Achava que esse apelido o idiotizava. Antes do médico não o ter salvo. E se fosse uma médica? Ele corria o risco de se chamar Ana Maria. Pelo menos as pessoa ssaberiam como escrever. Pelo menos não haveria as risadinhas. Tá bom! Teria risada sim por que menino não pode ter nome de menina. Mas ao menos não ouviria a temida pergunta: Demo o quê? Só podia ser coisa do Cão! E se benze.
***************
-No fundo, no fundo o que todos almejam é a felicidade. Quando fulaninho ou fulaninha fala: “eu quero conhecer a Europa”, “eu quero casar”, “eu quero trocar o forro do sofá” ou “eu quero morar na praia e ter uma pousada” nada mais é porque acha que isso lhe fará feliz! – disse Telma, batendo com a mão na mesa de plástico, fazendo sacudir as latas vazias a cada tapa.
- Xiii... Baixou a filósofa! – brincou Cida, pra risada de toda na mesa.
- Eu tô falando algo muito sério! É só parar pra perceber! Embaixo de nossos desejos sempre está o ideal da felicidade.
- Ideal da felicidade? Então ninguém nessa vida é feliz? Porque se é um ideal, é porque ninguém é. – considerou Kelly.
- Realmente eu sou uma pessoa muito triste! Minha vida tem nada que preste! Esperem ai que me suicidar ali por 2 minutos e já volto – disse Cida, arrancando mais risadas, indo ao banheiro.
- Mas ai é que está! – falou Telma dando outro tapa na mesa.- A gente não quer essa felicidade ralé, cotidiana. O que todos querem é a felicidade a bordo de um carrão importado, uma felicidade que resida numa casa com piscina, que vista roupa de marca, essas coisas...
- Eta, Telma! Você vai dizer que esse tal ideal de felicidade é igual pra todo mundo? Que felicidade seria se a gente estivesse tomando champagne e não essa cerva aqui maravilhosa? – considerou Kelly – Eu prefiro minha cervejinha com as minhas amiguinhas e tals.
- Muito bem, amiga! - comemorou Cida.
- Se bem que - completou Kelly- se o Gianecchini baixasse aqui e viesse cantar só prá mim com aquele olhar de "me coma" aquela música da propaganada do Mon Bijou, eu seria uma pessoa muuuito mais feliz!
- Viiiiva Salvador! - brindou as amigas entre risadas.

sexta-feira, 19 de outubro de 2007

Chumbo grosso no batom???

Todos os dias recebo uns 20 e-mais, sendo de todo tipo: propagandas, piadas, correntes dos mais diferentes tipos e alguns do tipo "alerta". Um desses e-mais alerta recebi há uma semana atrás e falava sobre a presença de chumbo em algumas marcas de batom.
Segundo o e-mail, algumas marcas usam para aumentar o poder de fixação dos batons, principalmente os de coloração vermelha. Para saber se há presença de chumbo no batom, seria necessário um teste simples: passar o batom na palma da mão e esfregar em cima um anel de ouro. Se ficasse preta, era porque aquele batom tem chumbo.
Na hora que li não estava com nenhum anel de ouro e apenas repassei o e-mail para umas amigas e esqueci do assunto. Até que ontem uma colega de trabalho abriu esse e-mail e fez o teste com seu batom, usando sua aliança pra testar. No total testamos 3 batons e deu nada! Já tava achando que era bobagem, até que lembrei que minha mãe usa batom vermelho de uma das marcas citadas.
Fui fazer o teste e prá minha surpresa, imediatamente que comecei a raspar o anel, a borda da mancha de batom escureceu e ficou realmente preto. Na foto acima dá pra ver que até desprendeu uma espécie de gosminha preta! (Eca! Na minha mão!)
Nas fotos não dá pra ver tão claramente o preto, mas dá pra pereber que escureceu mesmo na borda que dá pra palma da mão. Não é truque!
E vocês podem me perguntar que marca de batom é essa, mas bem... Acho melhor falar não! SEi lá! Sou meio neurótica e ficaria achando que eles iam me processar... Mas é uma marca bem conhecida.
Pode ser que o pretume nem seja chumbo, ou que não seja perigoso... Quem tiver outras informações mais esclarecedoras do motivo da borda da mancha de batom ficou preta, eu agradeceria!
Quanto a mim, estou testando todos meus batons!

terça-feira, 16 de outubro de 2007

Bem no 12 de outubro/ Ela é quem diz tudo/ Lá vai ele e seu terno amor

5 h da madrugada.
CATAPUMPUMPUM PUMPUMPUM CATAPUMPUMPUMPUMPUM...
Uns três minutos de fogos de artifício. Claro que já no primeiro estouro eu levei um susto danado! Coração acelera e continua acelerado mesmo depois de eu lembrar que é 12 de outubro e que os fogos vêm da Igreja de Nossa Senhora Aparecida, aqui no bairro.
Mesmo depois de mais de dez anos morando no bairro, ainda não acho certo em pleno feriado estourarem tantos fogos tão cedo. Nos feriados esperamos poder dormir até mais tarde e não acordar com um susto desses! Afinal, nem todos somos católicos e se os fogos viessem de alguma outra Igreja ou casa de Candomblé, seria considerado inadimissível.
Acreditem, eu não sou uma anti-católica. Muito pelo contrário, inclusive estudei por 5 anos em uma escola católica. Porém, acho que esses fogos são um abuso, pois incomodam o sono daqueles que querem descansar.

Mas é o feriado do dia das crianças e tudo bem! Aaaaaaaahhhhhhh, dia das crianças!
Procuro meu presente e óbvio, não encontro... Já argumentei para minha mãe que para os pais, os filhos nunca crescem, por isso permanecem crianças, mas não cola. Paciência! Se bem que me dá certa saudade das bonecas com “Criança Esperança” passando na tv...
Resolvemos tomar café numa delicatessen conhecida da cidade. Estavam montando uma cama de elástico e o som mecânico na parte exterior estava tão alto que afastou de vez o sono que ainda estava. Nem eram 8 hs e há prédios residenciais. Mirei as cortinas cerradas das janelas dos apartamentos dos primeiros andares e de novo me lembrei dos fogos às 5 hs. No som, um grupo infantil cantando covers da “Dança da Motinha”, do “Bonde do Tigrão” e outras pérolas musicais (inclusive “Anna Julia”, o que me rendeu algumas piadas das pessoas que me acompanhava). Na cama elástica um menino pulava alegremente.

Na volta pra casa, o carro parou em três semáforos, todos com crianças pedindo esmola em nossas janelas. A cena que já é normalmente triste, pra mim piora nessa data. Será que realmente esse dia é feliz para todas crianças? Eu sei qual é a resposta.
Penso em meus alunos e acho bom que pude comprar um joguinho simples para todos eles. Pelo menos terão algum brinquedo novo.
Mas o dia prossegue! Crianças exibindo seus presentes aqui no prédio, numa não tão velada competição com seus coleguinhas, desenho na sessão da tarde, um siesta looonga... Não sou católica. Segundo minha mãe, não sou mais criança. De outubro é mais um feriado, uma oportunidade para borboletar!
Mas não só...
“12 de Outubro” também é o nome da música que mais gosto do Bogary, último cd do Cascadura. Essa banda é de Salvador e esse ano está fazendo 15 anos. Por isso vêm fazendo uma série de shows, todos muito bons e animados. Só pra localizar pra a galera MTV, o guitarrista da Pitty, Martim, era do Cascadura antes.
Puxa, é uma dica: Conheçam o Cascadura! Principalmente quem gosta de rock e é de Salvador. Vá aos shows, você irá se divertir muito!
E mesmo quem não é de Salvador, clique no nome da música abaixo e conheça mais uma banda legal!


12 de Outubro
(Fábio Cascadura)


Outra vez pelo mundo
Reluzente de orgulho
Lá vai ele e o seu terno amor

Bem no 12 de outubro
Ela é quem diz tudo
Lá vai ele e o seu terno Amor

É bem mais do que pediu:
Um dia de sol, milhões de mundos no olhar
Eu queria estar assim
Mas, que ilusão...
Será preciso encontrar
A mim, só resta esperar

Já não há outro assunto
Traz uma foto junto
Lá vai ele e o seu terno Amor

quinta-feira, 11 de outubro de 2007

Esse nosso planetinha bizarro...

Cada vez mais vejo que a ficção não é nada paréo em esquisitice para a realidade! E há uma coluna virtual que mostra bem isso, do portal G1 chamado Planeta Bizarro. Como o nome mesmo diz, traz bizarrices espalhadas pelo mundo, todas reais. Há notícias de mãe que colocou o filho no freezer para baixar a febre, passando por casamentos em pleno funeral, até mulher que pegou o ônibus errado e ficou perdida por 25 anos.
Como o portal está fazendo 1 ano, a coluna está relembrando algumas bizarrices. Vale a pena dar uma conferida!

terça-feira, 25 de setembro de 2007

Primavera


Pensem bem: a primavera é uma época tão boa assim?
Tudo bem que é muito romântico pensar em flores, borboletas e tudo mais. Mas pelo menos prá mim esse é justamente o momento mais tenso do ano: terceira unidade virando quarta, ano terminando e eu pensando nos inúmeros relatórios de alunos para escrever, avaliações, eu cansada e os alunos também ...
Quando a primavera começa, tudo que eu quero é que ela termine!

Aaaaaaaaaaaaahhhhhhhhh! Quando a primavera acabar será tãããããããão booooooooooom!!!
(E eu estarei de férias!)

terça-feira, 18 de setembro de 2007

Uma das Chiccas.

Coisas sensacionais vêm ocorrendo em minha vida desde que saí da inércia e me aventurei à conhecer uma galera de uma comunidade do Orkut, Los Hermanos- Salvador.
Mas a "The Best of" com certeza é um sonho, que está aos poucos se tornando realidade, chamado Las Chiccas.
Comemorei meu aniversário numa barraca de praia que ia rolar o som de umas bandas madrugada a fora. Ao som de uma delas, a Charlote, enquanto elogiavámos o som, soltei quase que sem querer:
- Vamos fazer a nossa própria banda?
- Vamos! - foi a resposta quase em uníssono de minhas amigas.
- Eu vou ser a vocalista. - disse Deise, que comemorava também o aniversário.
- Eu vou ser a tecladista! - respondi.
E assim, uma à uma escolheu seu instrumento, ficando a banda com: vocalista, 2 guitarristas, tecladista, baixista e baterista. Faltava o quê? O nome!
- Las Hermanas... melhor: Las Chiccas!
E assim foi!
E essa conversa que poderia ter sido deixada prá lá, foi levada à seríssimo!
Só havia um pequeno detalhe: tirando as guitarristas que arranhavam no violão, nenhuma outra sabia tocar...
Mas isso é bobagem, né? Definimos o repertório, as regras, a grafia do nome, criamos comunidade no Orkut e... corremos atrás do prejuízo!
De minha parte, duas semanas depois da criação da banda já estava encomendando meu tecladinho Casio via net e providenciei minhas aulas pra aprender a tocar.
Bem, de lá prá cá até composições fiz! E aos poucos, devido ao nosso aprendixzado dos instrumentos, vamos indo! Devagar e sempre!
Mas por que logo hoje estou postando isso tudo?
Por que hoje considero um dia ímpar para a banda! Há 2 motivos prá isso:
  1. Primeiro que abandonei minhas aulas de teclado, que estavam me deixando nada feliz... Não que tenha desistido do teclado, mas vamos dizer que a "metodologia" do meu professor não me deixava muito feliz. Tanto que tava até evitando pegar no teclado só de pensar nos exercícios que teria que fazer. Nada contra o cara, que realmente é um tecladista excelente e gente-boa, mas... Mas decidir retomar o prazer de pegar no teclado prá treinar!
  2. Ita, minha amada amiga e baterista da banda, com certeza a pessoa que mais tem se aplicado em aprender, ganhou uma bateria de estudo. O bem-feitor foi Cury, que além disso fez um texto sobre minha amiga. Por isso prometo aqui publicamente não mais esculhambar as letras das canções flower dele!!! (Mas só as que ele também compôs, já as outras... hihihi )

Aguardem os próximos capítulos!!! hehehehehe

terça-feira, 11 de setembro de 2007

Digam

Digam a ele que estou bem.
Que ando bebendo
Mas não é sofrimento.
Por que chorar se há cem
Motivos prá eu ficar bem?
Eu não sinto saudade.
Aproveito a cidade
Nos braços de amigos,
Bocas de desconhecidos.
Escondam a realidade!

(Eu acho que ando ouvindo muito o cd da Amy Winehouse...)

quarta-feira, 5 de setembro de 2007

Auto da Aula Magna.

Em um ensolarado domingo, retornava para casa, quando vi um outdoor anunciando uma aula magna com Ariano Suassuna em Salvador. “Tenho que ir, custe o valor que custar o ingresso!!!” Uma rápida pesquisa pela web e descubro que era apenas para professores, alunos e convidados de uma faculdade particular. Bem, eu não sou professora nem aluna da faculdade... Como poderia me tornar então convidada??? Eu preferia que fosse logo pago e bem caro do que apenas para convidados, que assim pelo menos teria uma chance de poder ir. Eu não acreditava que perderia essa chance...

Mas não perdi! Tanto chorei e me lamentei aos quatro ventos que acabei conseguindo aos 42 minutos do segundo tempo que meu nome entrasse na lista de convidados. Se eu já falava muito sobre o assunto antes de saber que iria, imagina depois! Não tinha outro assunto para mim! Meu disco arranhou no “eu vou ver Ariano Suassuna” que eu não saia disso! Agora, era só esperar o grande momento!

Vocês acreditam que até engraxei pessoalmente meu sapato especialmente para o evento? Pra quem me conhece, sabe que isso é um feito quase que inacreditável! Munida de meu livro- tijolo de quase 800 páginas “(...)A Pedra do Reino(...)” (quem sabe não conseguiria que fosse autografado) e vestindo uma roupa de “ir ver Deus” fui trabalhar para no anoitecer ir pro hotel onde seria a aula magna.

Duas horas antes do evento cheguei ao hotel descabelada e suada. Se eu não estivesse bem vestida, o segurança da portaria do hotel (que é caríssimo) seria capaz de me proibir de entrar. Mas também depois de um dia de trabalho e de ter andado até o hotel que fica na orla e àquele horário ventava muito, como poderia ter chegado. Mas nada que uma passadinha no ‘toilet’ (nesses lugares até o som das descargas são em francês) não tivesse resolvido! Me informei onde seria e me posicionei na “ante-sala” estrategicamente em um local onde pudesse a menor chance sair correndo para ocupar a primeira fileira de cadeiras. Fã é não ter muita compostura, mas até que eu tava mantendo a pose!

Quando vi um grupo de pessoas se dirigindo ao andar superior onde seria o evento, fui junto, óbvio! O auditório estava fechado e se ouvia gritos estridentes do ensaio da homenagem ao escritor. Eu achei isso meio inusitado, mas tudo bem! As notícias eram que o auditório, que era chamado de “Salão”, tinha capacidade para 1500 pessoas porém 3500 pessoas se inscreveram... Decidir ficar plantada em frente à porta para quando essa se abrisse, eu pudesse logo entrar. Porém veio uma funcionária que com uma conversa muito mansa, tentava convencer de que descêssemos para esperar na “ante-sala”. Fazer o que? Tive que ir!

Pediram-me que apresentasse o convite. Que convite? Ain... E meu nome não constava na lista de convidados. Senti todos me chamando de “penetra” com o olhar. Ligações e ansiedade. Enquanto isso via as pessoas assinando suas listas e fazendo um fila enooooooorme para poder subir. Vinte minutos depois a lista com meu nome chegou. Esses 20 minutos pareceram 2 horas. Mas felizmente foi diretamente conduzida pelo elevador pra o andar superior e pude, antes de todas as pessoas da fila, entrar no Salão. Só havia umas 10 pessoas, fora quem estava trabalhando no evento. Sentei-me na quarta fila, já que as três primeiras já estavam reservadas.

Já estava respirando tranquilamente quando vejo Ariano Suassuna entrar cercado por uma senhora e três homens engravatados e sentar na primeira fileira. Quase tive um cuti-fiu por causa de um homem de 80 anos de idade! Peguei meu livro e minha Bic e fiquei naquele impasse “vou-ou-não-vou”. Levantei com meu livro na mão e o cara em frente ao escritor fez uma cena de nem venha (eu devia estar com uma cara de psicopata).
- É rapidinho! É só pra pedir um autógrafo no meu livro! – sussurrei-lhe mostrando a capa do livro. O cara concordou e fui tremendo mais que vara verde.
- O senhor poderia me dar o prazer de autografar meu livro? – disse já entregando o livro e a caneta.
- Qual o seu nome?
- Ãhn?! (Sim, eu sou uma idiota.)
- Qual o seu nome?
- Vanessa.
Eu tremia! No fim, com um sorriso de orelha à orelha, agradeci emocionada.

De volta a minha cadeira, enquanto contemplava milhares de vezes meu autógrafo, via pessoas indo falar, abraçar, tirar foto e etc. Autógrafo em livro mesmo, só mais um ou dois. Era um tal de pipocar flash na cara do Suassuna que não tinha fim.

Finalmente começou e com a apresentação de um trecho da peça “Uma mulher vestida de sol”. Ah! Entendi o porquê dos gritos! No fim, a atriz se dirigiu ao escritor e o conduziu à frente do palco. A mesa de honra foi composta, uma professora puxou o grito de guerra da faculdade e de cada curso, a mesa foi desfeita e ufa... começou a aula magna!

Com o humor fino, usando de ironia e demonstrando uma memória impressionante, Suassuna mais uma vez fez a defesa da cultura popular brasileira. Eu, maravilhada, solvia cada exemplo e história contada. Nem me atrevo à tentar reproduzia aqui, pois minha memória não é tão detalhista. Só posso dizer que foi maravilhoso e se puderem, não perca a chance de assistir a uma palestra / aula magna dele. Quando terminou, ficou a sensação que foi muito pouco.

Continuaram as homenagens: dois estudantes da faculdade tentaram recitar de cor duas poesias do autor, sendo que o primeiro ainda levou a cola e levava uns bons 3 segundos pra se achar e a segunda foi sem cola e esqueceu, recomeçou, esqueceu, Suassuna foi dando as deixas, ela sem captar e por fim o próprio Suassuna acabou terminando de recitar a poesia. A estudante, claro, teve uma crise de choro. Se até eu fiquei morta de vergonha, imagina a própria... Elegantemente, Suassuna tomou o microfone e justificou que sua poesia é realmente difícil, explicou o queria dizer a poesia e disse que a culpa da menina ter feito aquele papelão era dele. Ele é um fofo! Por fim, um professor da faculdade leu uma poesia do autor e recitou por uns 8 minutos outra dele próprio. Finalmente entregaram uma placa ao escritor e o evento estava encerrado.

Ain... quero de novo!

domingo, 26 de agosto de 2007

Nós todos somos feitos de estrelas.

(Só prá eu me lembrar disso...)



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P.S. Olhem o que acabei de descobrir: link.
Um texto que postei aqui em julho, feito para cumprir uma tarefa da Especialização que fazia ano passado vôou mais longe que eu esperava!
Precisa eu dizer o quanto eu estou feliz e boba?

terça-feira, 21 de agosto de 2007

karen's song

Não há mais salvação!
Meus sonhos estão espalhados pelo chão
Só o ceticismo me restou.
Não há salvação!
Eu já gritei, fiz escândalos,
Pintei todo meu corpo pra que enxergassem
Mas agora só sussurro que não há mais salvação!

A crosta desmorou sob meus pés e os pássaros não cantam mais aqui no meu jardim.

Eu não sei mais o que eu sou!

sábado, 18 de agosto de 2007

1º aninho da Lasanha de Abobrinha

Que data tão feliz! Hoje é o primeiro aniversário de minhas lasanhadas!
Há um ano exatamente descobri que no meu blog anterior alguns textos mais antigos havia simplesmente... desaparecido!
Não sei se era eu quem tava fazendo alguma coisa errada ou se era problema do blog, mas eu fiquei bem chateada. Além disso, um dia esperando o meu ônibus prá ir trabalhar, com o sol de meio-dia rachando na minha cabeça relembrava a lasanhade abobrinha que havia experimentado naquela semana e caiu a ficha que talvez aquele fosse um bom nome para blog. E assim foi, dias depois estreiava aqui!
E quase nada nesse blog mudou. Não que eu seja uma pessoa lá muito conservadora, mas é devido minha quase completa inabilidade! Prá vocês terem idéia, acho que só devem fazer uns seis meses que descobrir como pôr links de outros blogs aí nessa barra do lado direito. Apesar de falarem que eu lay-out é bem simples, o que eu concordo em número, gênero e grau, faço nem "loção" de como se muda isso aqui! hahahaha Outra coisa que não muda são meus post imeeeeeeeensos, principlamenete nos contos, mas fazer o que? Se essa é a minha característica??? hahaha Eu sou uma pessoa muito prolixa! hahahaha
Uma vez me perguntaram qual era o foco de meu blog. Apesar de escrever os mais diversos tipos de texto, considero que o néctar realmente são os Contos. Infelizmente eu não escrevo contos na frequência que eu gostaria. Se dependesse de minha vontade, escreveria um por dia! Mas na prática a coisa não é bem assim, né? No meu computador tenho vários começados e nunca terminados. Quem sabe um dia, né?
Há contos que passei dias pensando sobre antes de finalmente escrevê-lo e depois de várias retificações finalmente posta-los. Já outros posso dizer que se escreveram sozinhos, automaticamente quando sentei na frente dessa telinha de pc disposta à escrever alguma abobrinha.
Bem, muito obrigada à todos aqueles que lêem meu blogzinho e depois contribuem com dicas nos comentários!!!
Uma beijoca na buchecha de todos!!!





domingo, 12 de agosto de 2007

Sessão professora orgulhosa: A poluição.

A POLUIÇÃO
Produção coletiva dos alunos da 4º F (meus alunos :P)

PROFESSORAS E COLEGAS,
VIEMOS PEDIR SUA ATENÇÃO.
VAMOS FALAR DE UM ASSUNTO SÉRIO,
ESSE ASSUNTO É A POLUIÇÃO!

A POLUIÇÃO É A SUJEIRA
QUE SE ESPALHA PELO AR,
SEJA NA CIDADE OU NA FAZENDA,
ELA ESTÁ EM TODO LUGAR.

A POLUIÇÃO SE ESPALHA NA ÁGUA,
FAZEM DO OCEANO UM LIXÃO.
É TANTO PLÁSTICO E TANTO ESGOTO,
CAUSANDO A DESTRUIÇÃO.

ESSA POLUIÇÃO É UM PROBLEMA,
MAS O LIXO TEM SOLUÇÃO:
COLOCANDO O LIXO NO SACO
E NÃO ESPALHANDO PELO CHÃO.

MELHOR AS PESSOAS PODEM FAZER:
TODO MUNDO ADERINDO À RECICLAGEM!
SEPARANDO O LIXO TODO,
COLOCANDO CADA UM NA SUA EMBALAGEM
.

terça-feira, 7 de agosto de 2007

Minha dica: Estante Virtual.

Paixão é uma coisa que não se explica ou justifica. Uma de minhas paixões é visitar livrarias, bibliotecas e sebos. Digo isso sem aquele tom intelectolóide, entendam! Livros são verdadeira obras de arte, não só pelo seu conteúdo, mas gosto de contemplar as capas, folhear nem que seja só prá poder ver a fonte, as gravuras, o cheiro, os ácaros... (hehehehehe)

Inclusive, eu acho que livros são objetos de decoração. Acho o máximo uma estante cheia de livros. Eu acho que posso até sobreviver caso não consiga ter uma banheira em minha casa, mas ter uma parede com uma estantes de livros do chão até o teto faço questão!

Se você souber que eu estou em um shopping e quiser me encontrar, vá nas livrarias. Eu posso não está lá naquele momento, mas eu já estive ou estarei em breve! Quando marco para me encontrar com alguém, prefiro que seja numa livraria, pois dá prá aplacar a espera entre um livro e outro.

Pois há duas semanas recebi um e-mail com uma dica que depois achei maravilhosa. E passo aqui minha dica, que nada mais é que o site Estante Virtual, que serve de intermédio com mais de 600 sebos distribuídos pelo Brasil, resultando em um acervo de mais que 1 milhão de livros. É possível encontrar não só aqueles livros mais conhecidos, como outros não tão conhecidos, em edições do tempo de 1900 e bolinhas, como outras mais recentes. Claro que todos podem ser comprados pela net e os livros são enviados por correio.


Bem, conheçam! Outra vez, o link .

Prêmio Blog 5 Estrelas

Inesperadamente recebi um comunicado de Elza do Nada prá mim que havia recebido uma indicação pra o Prêmio Blog 5 Estrelas, não é lindo?! Mesmo que eu não ganhe, já tô hiper-lisonjeada pelo voto que recebi. Pô! Só de pensar que alguém lembrou da minha Lasanha...

Essa premiação a Elza criou em comemoração ao Dia do Blog, 31 de agosto. Nessa data sairá o resultado final desse prêmio. Eu achei a idéia sensacional! Quem tiver um blog ativo há mais de um mês pode participar, indicando os seus favoritos. Mais informações aqui. Se vocês votassem em mim, eu ficaria tão feliz! hehehehe Brincadeira, gente! Votem em quem vocês quiserem, mas participem mesmo! É muito importante e legal esses "eventos" em que podemos conhecer e integrar os blogs. Esse é o verdadeiro prêmio!
Bem, agora é a minha vez de votar, né? Só poder indicar 5 blogs é dose, né?! Mas vamos lá! Numa ordem completamente aleatória, minhas indicações são:


Por falar nisso, dia 18 de agosto o Lasanha fará 1 aninho! Meu filhotinho está ficando velho, hehehe.

terça-feira, 31 de julho de 2007

Qual a contribuição das mídias para a auto-aceitação de crianças negras?

Crianças negras - Obra de Emmanuel Zamor
O artigo à seguir foi escrito para cumprir tarefa na Especialização que fazia ano passado. Apesar de fazer referência à novelas que não estão mais sendo exibidas, o tema se mostra cada vez mais relevante.
Numa pesquisa superficial sobre o tema, encontrei os seguintes links: Arte do negro no Brasil, Ação afimartiva para crianças negras, A criança negra na televisão, entre outros...
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Qual a contribuição das mídias para a auto-aceitação de crianças negras?
Vanessa Lee
Salvador, 09 de Junho de 2006
Desde cedo, internalizamos modelos. Por exemplo, como é uma criança bonita? Quase sempre corresponde a um padrão no quais as crianças reais que nos cercam não se encaixam, pois os modelos que usualmente são desejados e admirados são os mais parecidos possíveis ao padrão euro-estadunidense. Aprende-se á idealizar algumas características que se aproximam do modelo euro-estadunidense de ser, agir e se vestir por meio dos livros, meios de comunicação, grande mídia, filmes, revistas e etc. (TRINDADE, 2002)
Entretanto, as crianças que nos cercam em nosso cotidiano, sobretudo em Salvador não correspondem á esse padrão, pois são em grande parte afro-descendentes. Ou seja, não possuem as características tão estimadas como os cabelos lisos, os narizes afilados e os olhos claros. Ao mesmo tempo, essas crianças além de não corresponderem ao modelo físico europeu, ainda são herdeiras da triste história de escravidão que os negros foram vítimas por mais de 300 anos, no Brasil. Apesar de a escravidão ter sido abolida há mais de 100 anos, os afro-descendente ainda sofrem com o preconceito racial.
Diante do exposto, cabe questionar: qual a contribuição da mídia para a auto-aceitação das crianças negras? Será que a mídia oferece imagem de negros no quais as crianças afro-descendentes sintam-se confortáveis em se reconhecerem?

Como o tema é muito amplo, nesse texto será enfocado em que modelos de negros são oferecidos em dois tipos de mídia que as crianças brasileiras, inclusive as negras, mais têm acesso: a televisão, sobretudo a telenovela e os livros infanto-juvenis.

A mídia mais acessível e consumida por boa parte da população, inclusive as crianças, são as emissoras televisivas. A televisão se tornou um eletrodoméstico quase que indispensável nos lares brasileiros. Os profissionais que trabalham nessa mídia “constroem diferentes retratos de nossa realidade social, com requintes de maquiagem técnica.” (OROFINO, 2003 p.110) A televisão não permite a leitura, a releitura e reflexão que os suportes textuais (jornais, revistas, etc.) permitem sobre o lido. Sua dinâmica exige que as imagens sejam absorvidas e respondidas simultaneamente, numa reação reflexa e rápida. “(...) absorvemos realidades do mesmo modo como esponjas secas sugam qualquer líquido ao se alcance.” (ARBEX, 1995 p. 13)

A presença de negros na televisão é muito importante para a construção da imagem dos negros de si mesmo. Os telejornais ainda trazem em grande parte apresentadores e jornalistas brancos. A Rede Globo é a emissora que tem mais repórteres negros, mas o número não chega á dez (RIGHETTI, 2006). A telenovela é uma das principais atrações da TV, sendo acompanhada por meses por um público fiel.
Fonte de divertimento, lazer e informação. (...) Portanto, afeta o seu público na medida em que lhe dá entretenimento, mas também novas formas de encarar o mundo, os problemas, os assuntos do cotidiano. (PALLOTTINI, 2006).
E qual participação nas novelas estaria sendo destinada aos negros? Segundo Joel Zito Araújo, escritor e diretor cinematográfico, apenas recentemente houve um aumento na participação de afro-descendentes nas produções televisivas. Está emergindo no setor da publicidade e da telenovela a necessidade de se aumentar a presença de atores negros, aliando á estes uma imagem de beleza, numa representação mais positiva, tendo a preocupação de que estes não apenas apareçam em papéis estereotipados. (ARAÚJO, 2006.) Araújo ainda cita o exemplo da telenovela “Da Cor do Pecado” que trouxe como protagonista uma personagem negra, a Preta, interpretada por Taís Araújo. Apenas o fato da protagonista ser negra, segundo Joel Zito Araújo, teve um impacto simbólico importante, especialmente entre as crianças negras. Entretanto, a citada telenovela não trouxe um núcleo negro e sim a protagonista imersa num mundo branco, o que demonstra que os negros ainda estão sendo representados como seres exóticos no universo branco.

Entretanto, os estereótipos em relação aos negros ainda continuam á serem apresentados nas telenovelas. Atualmente, a Rede Globo de Televisão está exibindo às 18 h a telenovela “Sinhá Moça”, que está sendo alvo de inquérito civil na Bahia. Segundo informe da Assessoria de Comunicação Social do Ministério Público da Bahia, divulgado pelo site da referida Instituição, o inquérito foi instaurado pelo promotor de Justiça da Cidadania Almiro de Sena Soares Filho. Segundo o citado promotor, que também é titular da Promotoria de Combate ao Racismo, a veiculação de “Sinhá Moça” em um horário plenamente acessível ao público infantil e adolescente, apresenta cenas de humilhação física e moral de pessoas negras, sob um verniz de obra de cunho histórico.

Os negros estariam sendo inferiorizados ao serem retratados na telenovela como submissos á situação da escravidão ou que poucos se rebelavam através de ações pouco eficientes, o que se caracterizaria em deturpação da história. O inquérito visa verificar se a veiculação da telenovela atenta contra a dignidade humana da comunidade negra. (CARDOSO, 2006). Outra novela que pode se tornar alvo de inquérito é “Cobras e Lagartos” por também apresentar situações racistas, segundo o promotor. A existência de tal inquérito mostra que a comunidade afro-descendente não está mais disposta á ter a imagem de seus antepassados unicamente associada á situações de rebaixamento humano, pois essa imagem também influência na auto-imagem das futuras gerações.

Outra mídia de grande acesso por crianças é a literatura infanto-juvenil, apesar de que em menos escala que a televisão. A competição entre livros infantis e a televisão é desigual, já que poucas pessoas sabem e gostam de ler. Porém, apesar de provavelmente a maioria das crianças não terem livros de histórias em casa, podem encontrá-los em outros espaços, como o escolar. Mas o que caracterizaria um livro como sendo infanto-juvenil?
Literatura infanto-juvenil, a literatura feita por pessoas adultas para crianças e jovens. É uma arte que povoa a imaginação, e por isso, tem o se espaço na formação da mente plástica do ser que a ela tem acesso. (ANDRADE, 2001 p. 113)
De acordo com Heloisa Pires Lima, bacharel em Psicologia pela PUC e Mestre em Antropologia Social pela USP, a literatura infanto-juvenil através de uma tríade (livros pequenos, leitores crianças e personagens adaptados para a infância), trabalha idéias, conceitos e emoções. (LIMA, 2001) É uma linguagem favorável ao desenvolvimento do conhecimento social e á construção de conceitos. Por meio do texto escrito e das ilustrações, imagens são transmitidas e visões de mundo são cristalizadas. Os enredos e personagens dessas histórias acabam sendo representações dos valores simbólicos da sociedade em que aquela obra foi criada.
A imagem age como instrumento de dominação real através de códigos embutidos em enredos racialistas, comumente extensões das representações das populações colonizadas. A representação popular do outro racial pela mídia também sugere uma investigação, como fantasias coletivas que ajudam na manutenção de identidades dominantes, construtoras de sentimentos que acabam por fundamentar as relações sociais reais. (Ib id, p. 96-97)
Herdamos muitos contos- de- fadas originários da Europa, sobretudo da região da Alemanha. Por isso, não é de espantar que as princesas dos contos- de- fada sejam brancas como a neve, por exemplo. Mesmo nas histórias criadas no Brasil, geralmente o padrão físico dos personagens segue o modelo euro-estadunidense, ou seja, de tez branca.

O que se verifica quando há personagens negros retratados nessas histórias, segundo Heloisa Lima, estes costumam aparecer numa gama limitada de estereótipos: como escravos e empregadas. O problema não estaria em ter personagens negros escravos, mas a forma como a situação de escravidão é retratada, naturalizando o sofrimento e a humilhação que todo um povo foi vítima, se constituindo numa violência simbólica. O mesmo se verifica quando há personagens de negras como empregadas domésticas, em que o problema não é a profissão, mas a imagem de mediocridade cognitiva e o comportamento nada altivo. Ainda segundo Heloisa Lima, não apenas no enredo, mas também nas ilustrações verifica-se que as personagens negras são retratadas com traços grotescos e feições idiotizadas. “O modelo repetido marca a população como perdedores e atrapalha uma ampliação dos papéis sociais pela proximidade com essa caracterização, que embrulha noções de atraso” (Ib id, p. 98).

Ao se deparar com esses modelos depreciativos, a criança negra rejeita se identificar com um povo que tem tal imagem de submissão e escravidão, desejando pertencer ao grupo visto como superior e dominador, no caso, dos brancos. Os livros infanto-juvenis, em sua maioria, ainda apresentam imagens pouco dignas para as crianças afro-descendentes se reconhecerem. Entre as crianças brancas é reforçado o conceito que as crianças negras são inferiores á elas, reforçando o preconceito e o racismo.

Em uma tentativa de modificar essa realidade, livros infantis com imagens positivas de personagens negros estão sendo lançados. Um exemplo é o livro “Luana, a menina que viu o Brasil neném” (MACEDO; FASTINO, 2004) que foi distribuído às Escolas da Rede Municipal de Educação de Salvador. O livro traz a primeira heroína negra, Luana, menina de 8 anos que vive numa comunidade remanescente de quilombo, que com seu berimbau mágico visita o cenário do descobrimento do Brasil. Já foram lançados o segundo livro com outra aventura da personagem e revistinhas em quadrinhos da personagem.

As mídias ainda não estão oferecendo bons modelos de negros para que as crianças se reconheçam como pertencente á grupo que de contribuições inestimáveis na formação do Brasil. Porém, se percebe tentativas de se modificar a imagem dos negros veiculada nas mídias de grande acesso pela população. Espera-se que cada vez mais surjam mais obras que atenda a demanda que os livros que estimulem a alteridade e a valorização também de outros grupos que não sejam dos brancos. Imagem “comprometida com nosso povo mestiço, belo, forte, que luta, que surpreende, que ri, que chora, que cria cotidianamente saberes e estratégias” (TRINDADE, 2002 p. 16).
Quanto aos educadores, cabe o papel de suprir a carência de imagens positivas de afro-descendentes, selecionando o material á ser utilizado dentro do espaço escolar. De acordo com a disponibilidade dentro das escolas onde atuam, podem-se usar as mídias positivamente através da leitura de livros com personagens negros que fujam do estereotipo do escravo/ empregada/marginal, como o citado livro “Luana, a menina que viu o Brasil neném”. Além disso, pode-se usar filmes, desenhos, fotografias que tenham imagens positivas de afro-descendentes, dando novos suportes para a auto-aceitação das crianças negras e respeito e admiração nas crianças não-negras.
Referências Bibliográficas

ANDRADE, Inaldete Pinheiro de. Construindo a auto-estima da criança negra. In: MUNANGA, Kabengele (org.) Superando o racismo na escola. 3º edição. Brasília; Ministério da Educação, Secretaria de Educação Fundamental, 2001 p. 111-118.

ARAÚJO, Joel Zito. Como está a representação do negro nas telenovelas? Revista Eletrônica diverCIDADE. www.centrodametropole.org.br/divercidade/numero7 Acessado em 26/05/2006.

ARBEX, José. O poder da TV. São Paulo; Scipione,1995

CARDOSO, Maiama. ‘Sinhá Moça’ é alvo de inquérito civil na Bahia. www.mp.ba.gov.br/noticias/2006/mai_18_inquerito.asp, 18/05/2006.

LIMA, Heloísa Pires. Personagens Negros: Um breve perfil na literatura infanto-juvenil. In: MUNANGA, Kabengele (org.) Superando o racismo na escola. 3º edição. Brasília; Ministério da Educação, Secretaria de Educação Fundamental, 2001 p. 95-110.

MACEDO, Aroldo; FAUSTINO, Oswaldo. Luana, a menina que viu o Brasil neném. São Paulo; FTD, 2004.

OROFINO, Maria Isabel. Mídia e educação: contribuições dos estudos da mídia e comunicação para uma pedagogia dos meios na escola. In: FLEURI, Reinaldo Matias (org.). Educação intercultural: mediações necessárias. Rio de Janeiro; DP&A, 2003 p. 109-124.

PALLOTTINI, Renata. Qual a influência da telenovela na sociedade brasileira? Revista Eletrônica diverCIDADE. www.centrodametropole.org.br/divercidade/numero7 Acessado em 26/05/2006
RIGHETTI, Sabine. Presença do negro na mídia é marcada pelo preconceito.
www.comciencia.com.br/reportagens /negros/08, Acessado em 26/05/2006.

TRINDADE, Azoilda Loretto. Olhando com o coração e sentindo com o corpo inteiro no cotidiano escolar. In: TRINDADE, Azoilda Loretto; SANTOS, Rafael dos (orgs.). Multiculturalismo – Mil e uma faces da Escola. 3º edição. Coleção: O sentido da Escola, Rio de Janeiro; DP&A, 2002 p. 7-16

terça-feira, 24 de julho de 2007

O apartamento 103

Uma manhã a Araci do 101 veio me reclamar que o primeiro andar tava com cheiro de alguma coisa podre, que eu devia zelar mais pela higiene. Vê se pode? Uma coisa que nunca descuidei com da limpeza do prédio! E eu disse isso a ela, que ela me respeitasse, afinal, eu não tinha mais idade para ser desleixada! Agora, dentro dos seus apartamentos cada um que tem que cuidar de sua faxina, não é mesmo?

Apois! Mas enquanto eu falava com ela eu senti mesmo um cheiro assim meio estranho que vinha pela escada. Como você deve saber, eu moro no térreo. Aí, eu perguntei pra a Araci se não era da casa dela aquele cheiro. Pra quê? Ela nem me respondeu! Saiu batendo o pé.

Eu tinha que averiguar essa situação, não é mesmo? Afinal eu era a síndica! Quem sabe alguém, coitado, nem percebia o cheiro de sua própria casa? Dizem que nosso nariz acostuma, sabe-se lá. Fui direto pro primeiro andar e logo vi que o cheiro era de carne podre. Imagina só! Resolvi bater de porta em porta pra avisar pra cuidar de seus alimentos, ou quem sabe, que levasse logo o lixo para a casa de lixo, né? Porque tem gente que fica só esperando o saco ficar cheio pra descer o lixo. Há gente pra tudo!

Bati de porta em porta pra perguntar se não tinha esquecido carne na pia, se não era hora de descer o lixo. Fazer o papel de síndica chata, isso sim! Mas era necessário, fazer o que? Teve gente que entendeu, mas outros acharam ruim principalmente quando eu perguntava sobre o lixo. Quando abriam a porta eu via que o cheiro não era dos apartamentos. Só em três apartamentos não atenderam: o 103, o 302 e o 304. Mas o cheiro não era no terceiro andar, não. Era lá no primeiro andar mesmo!

Eu mandei fazer uma limpeza pesada nos andares, pra ver se saia a caatinga. Porque, como me disse a Dona Clarisse do 201, o cheiro podia estar no chão, de alguém que desceu com o lixo vazando algum líquido que já havia secado, só ficando o murrinho. A Rose passou, passou, passou produto, detergente, água sanitária e nada! O cheiro continuou! Na verdade, até aumentou!

De noite, deixei minha porta aberta pra poder ver o pessoal do 103, 302 e 304 passar. Eu falei com pessoal do 302 e do 304, mas nada do Seu Jonas do 103 passar. Fiquei até as 22 hs com a porta aberta, só esperando e nada! E fiquei lá sentindo aquele cheiro de carne podre. Quando a novela acabou, resolvi ir lá e bater na porta, porque ele podia ter passado e eu não visto! Ninguém atendeu. Enquanto tava lá buzinando, a Araci do 101 abriu a porta e disse que já havia buzinado lá e nada. Também disse que há dias não via Seu Jonas.

Eu não sou muito observadora da vida alheia, que isso é coisa de gente fuxiqueira. Mas já havia percebido que a caixa de correio do 103 realmente estava cheia., tanto que era difícil colocar novas correspondências. E puxando pela memória, realmente eu também já não o via há uns bons dias. E quando percebi isso, eu me preocupei!

Seu Jonas do 103 vivia sozinho desde que a mulher fugiu com um rapazinho que morava no prédio em frente ao nosso. A mulher de Seu Jonas, Kátia era o nome dela, era muito bonita e ficava se oferecendo pros homens daqui. O coitado trabalhando e ela descia com uns micro-vestidos, um perfume muito saliente, com aquele falar miado, pedindo pros vizinhos irem a casa dela consertar o encanamento, trocar o gás, tudo na hora que o marido não tava! Não podia dar outra, não? A gente começou a ver a Kátia de muito lero com um vizinho do prédio em frente, muito jovem, sabe? Acho que até a família dele morava no interior e ele tava aqui pra fazer faculdade. Morava com uma tia. Um dia, cadê os dois? Fugiram juntos em pleno meio-dia de uma quinta-feira, deixando bilhetes aos respectivos marido e tia.

Nesse dia Seu Jonas chorou como um bezerro desmamado. Ele que sempre fora reservado chorou até altas horas no ombro de quem estivesse disposto à consola-lo. No dia seguinte, voltou a sua introspecção, pior até! Sempre aparecia muito capisbaixo e encurvado. Tava pra perceber que até emagrecia.

E cerca de dez meses depois do acontecimento aquele cheiro de carne podre vindo do apartamento de Seu Jonas. Não era pra me preocupar? Ele devia ser louco pela mulher! Mesmo porque uma mulher daquelas não pode inspirar amor e sim loucura nos homens que cruzam seu caminho...

Nós não falamos nada, mas dava pra perceber que a Araci tinha a mesma preocupação nos olhos. Mas preferir falar nada e afastar esse tipo de pensamento que tava tendo, porque poderia ser só carne mesmo... carne do tipo se que compra no açougue. Mas naquela noite rezei dois terços na intenção de Seu Jonas.

No dia seguinte, o prédio estava infestado de moscas. Cada moscão! E eu que sempre fui zelosa pela limpeza e higiene, quando via aqueles seres me arrepiava toda! E apareceu também baratas, um nojo! Continuei inutilmente batendo na porta, tendo que agüentar um odor já insuportável. Verifiquei que as janelas estavam fechadas. E ninguém tinha algum número de telefone pra entrar em contato com ele ou algum parente. Eu só sabia que ele era professor, mas não sabia de quê ou onde.
Eu falando, você não faz idéia do fedor que estava de carne podre! Dava náusea, mal comi. De noite vários condôminos foram à minha casa e conversamos sobre aquele problema e nossa desconfiança de qual fosse à razão daquele cheiro todo. E se Seu Jonas tivesse se suicidado em casa? Eu também já começava à desconfiar, mas quando o Fernando do 204 falou, me subiu um calafrio pela espinha. E realmente era possível! Como não? Ser corneado e traído assim tão publicamente... A pessoa não é capaz de cometer uma loucura?

Imagina a minha situação: podia haver cadáver no apartamento logo acima do meu, no 103 e as pessoas despejavam as histórias mais macabras que tinham conhecimento. Além disso, se isso fosse verdade, olha que publicidade ruim pro prédio! Ia ficar marcado como o local que um homem se matou, os apartamentos aqui poderiam se desvalorizar.

Eu percebia que as pessoas ali em meu apartamento esperavam que eu tomasse uma atitude, mas eu não sabia o que fazer! Mas realmente o que não podia era continuar aquele fedor terrível, que já infestava todo o prédio e aquela invasão de insetos nojentos. Dona Clarisse do 201 como sempre veio com mais uma coerente observação: a gente tinha que notificar a polícia. Se fosse realmente o corpo de nosso vizinho a gente não poderia deixar ele lá apodrecendo no apartamento, além disso, ia parecer que a gente tem culpa no cartório. Se não fosse, a gente tinha o direito de que o motivo do fedor fosse eliminado, pois já era um caso de saúde pública aquele fedor e os insetos que estavam sendo atraídos.

Convocamos rapidamente uma assembléia de condomínio urgente, indo chamar os vizinhos que já não estavam lá na minha casa. Nunca vi uma reunião tão cheia! Todos queriam uma solução. Inclusive, o casal do 104 estava já indo passar a noite na casa de parentes deles, já que o cheiro era muito forte e eles tinham uma filhinha asmática. Foi decidido que no dia seguinte seria feito uma B.O. na delegacia do bairro. E ainda bem que Seu Cláudio do 301 se predispôs à me acompanhar, já que realmente delegacia não é ambiente pra uma senhora respeitável como eu estar sozinha.

Confesso que mal dormir. Rezei muito pela alma do Seu Jonas, que encontrasse a paz e a luz necessária e que Deus lhe perdoasse a retirada da própria vida. Com certeza no apartamento a polícia acharia números de telefones para contactar os parentes sobre o ocorrido, que poderiam tomar as providências quanto ao corpo.

Na manhã seguinte fui levando a ata da assembléia. Graças à Deus, a delegacia estava calma e fomos atendidos por um policial simpático, Eu contei tudo, todo o motivo da desconfiança, como era a esposa de Seu Jonas, tudo que eu sabia. Mas só porque poderia ser útil aos policiais, pois não sou do tipo que faz fofoca! De lá dois policiais nos acompanharam para averiguar a situação. Eu já estava tremendo como vara verde só de pensar no que seria encontrado no apartamento 103. Voltei ao prédio no carro de Seu Cláudio rezando o terço pela alma de Seu Jonas.

Chegando ao prédio, os dois policiais viram que realmente tava muito forte o fedor de carne podre, a quantidade de moscas que infestavam o prédio e decidiram que o apartamento tinha que ser averiguado. Foi chamado o chaveiro da banquinha a uma quadra do prédio para que a porta fosse aberta. Meus olhos já estavam cheias de lágrimas.

Quando a fechadura foi desmontada e a porta aberta, os dois policiais entraram. Depois de cerca de cinco minutos saíram rindo, dizendo que tinha cadáver nenhum. O fedor vinha da carne e comida que estava na geladeira sendo que as chaves da caixa de luz estavam desligadas. Ou seja, a comida apodreceu dentro da geladeira. Chega já tava cheio de bichinhos na carne! Eu me dispus à juntamente com a Rose jogar fora tudo e limpar depois a cozinha.

Foi tendo ânsia de vômito que conseguimos tirar toda aquela carne e jogar fora. O congelador tava abarrotado de carne, por isso todo aquele fedor! Gastei três garrafas de água sanitária pra limpar tudo. Levou muito esforço e tempo, mas de noite já estávamos livres do fedor e das moscas. Registramos tudo, é claro, no Livro de Ata.

Mas continuava a curiosidade sobre o paradeiro de Seu Jonas, já que se a carne chegou á apodrecer dentro da geladeira de dar bicho. Cerca de duas semanas ele reapareceu. Claro que pedimos justificativas, né? Mesmo porque a gente tinha que justificar o fato que chamamos a polícia, entramos no apartamento dele e jogamos fora toda a comida da geladeira. O coitado virou muito sem-graça e contou que tinha ido à um Seminário em São Paulo e lá decidiu ficar mais tempo tirando as férias atrasadas, ficando cerca de um mês e meio. Ele havia desligado as chaves de luz pra economizar luz e evitar acidentes, mas não imaginava que a comida ia apodrecer. Vê se pode? Um homem que me pareceu ser de tanto estudo!