Desde 2006 servindo algumas lasanhas e muitas abobrinhas.

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domingo, 6 de novembro de 2011

s, o, so

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soluço
solução

s, o, so
sorvete
sonho
sonífero
sótão

s,o, so
Soraia
solene
solvente
soltam

s, o, so
so
so
so

domingo, 30 de outubro de 2011

Maior e Pequeno


-Eu caí! Tô toda ralada! – alguém atrás de mim gritou.

Estava no banheiro de um shopping, lavando as mãos, quando ouvi o lamento choroso. Olhei em direção da voz. Aparentava ter uns 25 anos e estava com dois meninos, aparentando respectivamente 1 e 2 anos. Estava com uma das pernas da calça de strecht puxada até acima do joelho sangrando, que tentava lavar com as mãos em conchinha. Percebi que um dos seus braços também estava ferido.

-Olha só prá isso! Oh, moça, me ajude!

-Nossa! Como foi isso? – uma senhora, mais solícita que eu, aproximou-se.

- Esses meninos, moça... Eu tava subindo a escada rolante segurando a mão do Pequeno, quando vi que o Maior havia ficado prá trás. Corri na escada e peguei o menino, mas ai eu vi que o Pequeno ficou sozinho, quando corri prá pegar, eu cai. Nem sei como foi! Quando vi, tava no chão com os degraus da escada raspando meu joelho.

-E os meninos? – perguntava a senhora procurando band-aid na bolsa.

Resolvi também ajudar e passei a procurar curativos também na minha bolsa.

- A sorte foi que um senhor pegou os meninos e me ajudou a levantar.

- Nenhum segurança viu? – perguntei.

-Acho que não. Senti tanta vergonha!

Estávamos tão concentradas ouvindo e procurando curativos que, pelo menos eu, já havia até esquecido que os meninos estavam lá. Quando ouvi a voz de outra mulher:

-De quem é esse menino que está escalando a pia? Olhem seus filhos!

Era o Maior que estava já praticamente em cima da pia. A mãe correu para pegá-lo, mas logo percebeu que o Pequeno não estava por perto. Ela largou o menino e saiu do banheiro gritando:

-Meu bebê! Meu Pequeno sumiu! Meu filhooooo...

O Maior bem que quis correr atrás da mãe, mas a senhora que estava ajudando a moça anteriormente o segurou.

-Esse menino vai acabar se perdendo também. É melhor segura-lo, que ela não aparenta estar muito bem, não.

Do banheiro se ouvia a gritaria da mulher do lado de fora.

Deu-me um clique e procurei o Pequeno dentro das cabines do sanitário. Dito e certo! No terceiro encontrei-o com a mãozinha mexendo na água do vaso. Levei-o pela (outra) mão para a parte das pias onde estava o Maior.

E ficamos eu e a senhora com o Maior e o Pequeno, pensando no que fazer.

Entrou a mãe acompanhada de um segurança e uma funcionária que aparentava ser da limpeza.

- Eles estão aqui! –a mãe gritou. – O meu Deus! Eu estou passando por tratamento de depressão, minha mãe está internada, o pai das crianças...

- Se acalme senhora! – falou o segurança. – Agora vamos lá na enfermaria.

A funcionária de uma vez só pegou cada menino num braço.

-Deixa que eu levo essas crianças para que a senhora não perder esses meninos de novo.

E assim saíram do banheiro.

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

11 de setembro de 2001

Acordei já tarde. Provavelmente o despertador tocou, eu o desliguei e voltei a dormir como de costume.

Tinha consulta marcada para as 8h. Lembro que voei da cama para o banheiro e de lá para a rua. Se eu não me engano, assim que cheguei no ponto, o ônibus passou. Cheguei em cima da hora da consulta. No retorno, o ônibus já estava no ponto e tive que sair correndo e gritando para conseguir alcançá-lo.

Cheguei, nem sei se tomei outro banho, mas fui dormir.

Acordei lembrando que ainda não havia comido nada naquela manhã. Logo eu, que sinto tonturas só em pensar de passar da hora de comer. Foi a correria ao acordar!

Fiz café e tomei com um pão com geléia. Li um pouco e voltei a dormir por cima do livro. Eu costumava acordar por volta das 9h. Se acordasse um pouco mais cedo que isso, era motivo prá passar o dia sonolenta. Minha única ocupação era a faculdade que fazia de noite.

Engraçado, eu sempre fui daquelas pessoas que acordam ou chegam e casa e ligam logo a TV. E nem sou de dormir desse jeito! Mas aquela manhã também não tinha nada de anormal. Estava destinado para ser um daqueles inúmeros dias, sem contratempos, que logo esquecemos.

O telefone tocou, me acordando. Era minha mãe:

- O que está acontecendo no World Trade Center?

- Como é que é?

- Nas Twin Towers.

-Ãhn?

-Você não ta com a TV ligada, não? Tão dizendo aqui no trabalho que está havendo algo nas Twin Towers.

- O que é “Djuin tauers”? – Eu não sabia nem que era eu, acordada com essa ansiedade toda, imaginem...

- Em Nova Iorque. Liga a TV, Vanessa!

Liguei. Vi os prédios saindo fumaça.

- Ta tendo um incên...

Quando vi as imagens da primeira e depois a segunda torre caindo, eu cai no chão de susto! Deviam ser imagens recapturadas do que já havia ocorrido.

-O que foi? O que foi Vanessa?

Eu fiquei zonza.

-Caíram, mãe! Os prédios do World Trade Center caíram. As duas!

Não desliguei mais da TV naquele dia. Lembro de um dos repórteres decretar:

-A partir de hoje, o mundo nunca mais será o mesmo!

Lembrei que dois anos antes estive em Nova Iorque e usava as torres do World Trade Center como ponto de referência. Não sei quem nunca as viu de perto, tem noção do tamanho que aqueles prédios tinham.

Na faculdade, não houve outro assunto. Por mais que parecesse tão longe de nós, não impedia uma certa tensão.

Dez anos estão fazendo desde o ato terrorista de 11 de setembro de 2001. Em canais fechados há vários programas relembrando a data. Tornou-se um daqueles: “o que você estava fazendo no dia...”.

Devido ao ocorrido, gravou-se na minha memória aquele dia que prometia ser tão banal.

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

O ônibus

Já chegou ao ponto de ônibus ansiosa. Olhou o relógio. Olhou um lado da rua. Na outra direção também por hábito. No outro lado da rua passava um ônibus que também passava em seu destino, mas o trajeto era tão demorado! O desse lado de cá é bem mais rápido.

Está vindo um. Será ele? Não é. Olha o relógio. Pessoas correm para subirem no ônibus. E ela fica.

Minutos se passam. Uma criança chora perto, mas não vira o rosto para ver. Aperta a bolsa com o braço contra o corpo. Olha o relógio.

No ponto em frente, o ônibus de percurso maior. Quase vazio. Será que deveria atravessar e pegar ele. O ônibus começa a andar. Ai, devia ter pegado esse mesmo! E se o outro demorar? O ônibus vira uma esquina. Devia ter pegado esse mesmo!

Não se ouve mais o choro. Adolescentes passam rindo. Outro ônibus chega, mas não é ainda o seu. Olha o relógio.

Pessoas chegam, pessoas pegam suas conduções e ela ali esperando. Olha na direção em que o ônibus que espera, devia vim. Nada! Só carros e motos.

Pensando bem, aquele outro ônibus nem tem o percurso tão maior assim. A diferença deve ser de uns dez minutos. Melhor que ficar esperando no ponto.

Atravessa a rua de duas mãos com dificuldade, devido ao trafego de carros. Pronto! Logo estará à caminho de seu destino!

Quando olha para o outro lado da rua, mal acredita em ver o ônibus do percurso menor. Tenta atravessar, mas nenhum motorista se sensibiliza em deixá-la passar. O ônibus segue o seu caminho, deixando-a ali: parada no ponto.

quinta-feira, 21 de abril de 2011

Fé, Bárbara! – Parte II

Parte I

Foi assim a parada: Eu tava bem na minha, tomando meu solzinho lá no Porto da Barra, quando Leléia começou uma cutucaria da porra no meu braço. É que ela queria me mostrar um deus grego, mistura de Xanddy do Harmonia com Brad Pitt. Tanto fez, tanto se rebolou, tanto se insinuou que acabou puxando conversa com o gatinho. Joedson era o nome dele. Não aconteceu nada ali, só trocaram telefones e tals.

Eu já nem lembrava mais dessa história, quando Leleía me ligou toda esbaforida. Ela tinha se encontrado com o gatinho no Shopping Piedade e ele a levou para ver umas paradas de filmes lá dos lados do Japão na Biblioteca Central. O cara ficou todo entretido nas paradas do filme, nem parecia que ela tava ali, toda gatinha, do lado. Ela viajando que ia assistir um filminho no Center Lapa prá dar uns pega no gato e acabou vendo foi umas coisa de samurai. Até cogitou estar de bafo ou cecê.

No fim, em cima de um lanche vegetariano, ele falou que era de uma religião oriental aê e que só podia se relacionar quem também fosse. E prá isso era fácil: Era só ir ao templo na Boca do Rio, dar um dinheirinho, ouvir e se ajoelhar. Leleia avaliou o bofe e achou que valia a pena, já que ela não é apegada a religião, não. Mas como não era besta nem nada, sozinha é que não ia. E me convocou prá empreitada.

E foi assim que tive que acordar cedo em pleno sábado. O que não faço por essas amigas que arranjei, hein? Que viagem! Além da demora do buzú, o raio ainda dá volta prá zorra. Valha-me! Seguindo o endereço, paramos numa casa de 2 andares. Nem parecia igreja.

Uma japinha bem simpática nos atendeu. Pelo que entendi, ela era tipo a pastora do lugar. Ainda bem que o Joedson estava lá, mas isso porque ele mora do lado. Ainda é fácil, né? Queria ver ser de uma religião do outro lado da cidade. Fora a gente, tinha mais umas 7 pessoas.

Naquela época, quando não tinha conhecimento dessas coisas, até achei que aquela igreja era pobre porque não tinha bancos para sentar. As pessoas rezam e se ajoelham nuns tapetinhos acolchoados em frente à uns quadros e estandartes.

Depois de uma conversinha, a japinha foi bem insistente em cobrar o dízimo. É! Por que nessa religião, você nem bem entendeu nada, mas já entra com o “dízimo”. Como o valor tava em aberto, dei uma nota de R$1,00 que naquela época ainda existia. Foi mesmo! Eu tava lá era de acompanhante, ou melhor, de vela. Até acho que Leleia é que devia pagar a minha. O pior que ela me olhou mais feio que a japinha, vê se pode? Como queria fazer bonito pro gatinho, deu R$10,00. A japinha anotou nossos nomes e o valor da contribuição.

Nisso começou a cerimônia toda. Olha, eu me lembro de meus joelhos terem doido de tanto tempo que durou eu ajoelhada. Era num idioma que entendi nada. Só sei que na hora mesmo do batismo, ficamos só eu, Leleia e mais duas mulheres. Foi um tal de se abaixar que não tinha mais fim. Eu já tava achando aquilo tudo uma piada, não vou mentir. Como é que aquilo ia entrar no meu espírito naquela língua que só era “nagui-nigui-nigui-nagua” e eu naaada de entender!

Teve uma hora que a mulher resolveu falar português: na hora de falar os nossos nomes, apontando quem era e quanto nós contribuímos. Olhe, eu lembro até hoje: uma deu R$20,00, outra R$50,00, Leleia R$10,00 e eu R$1,00. Quase que eu aproveito que tava ajoelhada mesmo e comecei a cavar um buraco para me esconder. Ô vergonha! Ô raiva!

Eu só queria sair dali, nem quis comer o que ofereceram e fui para casa bufando. Vê se isso é coisa de Deus?!

O pior é que o lance entre Leleia e Joedson nem vingou. Quando finalmente ela conseguiu beijar o cara, saiu toda babada de cuspe do desinfeliz. Não era a toa que bonito como era, tava solteiro. Também, esses beatos não pode saber beijar mesmo, quanto mais o resto, né?

Só sei que acabei interessada nesses lances do oriente, mas dessa vez em religiões mais conhecidas e que não pediam logo o dindim.

(Continua.)

domingo, 10 de abril de 2011

Fé, Bárbara! - Parte I


Quando falam de religião e tals, eu digo: “Pô, véi... Eu sou baiana, tá ligado?” Mas quase nunca as pessoas entendem, então eu deixo prá lá, digo que sou uma pessoas muito espiritualizada e essas paradas aê.

Eu nasci com o cordão umbilical enrolado no pescoço num dia 4 de dezembro. Por isso “Maria Bárbara”, porque era prá ser Ana Carolina! Mas arranjaram de falar prá minha mãe que criança que nasce com cordão umbilical enforcando tem que chamar Maria, caso contrário morre afogada ou queimada. E se for homem? E eu lá sei! Chama de Mário... E Bárbara porque nasci no dia de Santa Bárbara, que é a mesma coisa de ser Iansã aqui na Bahia. Minha mãe, prá fortalecer que nada de ruim me acontecer, reforçou com a santa do dia. E dizendo ela que levando uma orixá de brinde. Vê se pode? Minha mãe tem cada uma!

E que ninguém me chame só de Bárbara na frente dela, não. “É Maria Bárbara!” É que ela acha que prá parada do afogamento ou “queimamento” não acontecer, tem que todo mundo me chamar de Maria também. Eu nem ligo mais, até acho graça. Mas eu ficava retada quando ela fazia isso, mais nova. Por que fica um nome pesado “Maria Bárbara” né? Não combina comigo, não! Mas agora ta relax, todo mundo já sabe que na frente de minha mãe eu sou a Maria Bárbara e ta tudo lindo.

Quem olha assim, acha até que minha mãe entende dessas coisas de religião, né? Mas que nada! Acho que ela se deu por satisfeita com meu nome, pois apesar de ter madrinha e padrinho desde antes de nascer, só fui batizada aos 12 anos. Que mico! Um monte de bebezinhos e eu lá, de vestido embaixo do joelho cheio de fricotes e cabelo mais amarrado que cavalo arredio. E isso em pleno verão! Como se a situação já estivesse muito bonita pro meu lado, tive que ainda segurar uma vela.

Mas encarei! Mesmo porque, se fui batizada, foi muito pela minha insistência. Não dava mais prá ser pagã e correr o risco de ser atacada por um Lobisomem. Ria não, que é sério!

Todo ano a gente ia prá o sítio de Toinho pro São João. Eu passava o recesso junino todo lá, na maior gandaia. Exceto quando anoitecia, que ai que começava meu drama! Meus primos, aquelas pestes, contavam umas histórias super escabrosas sobre um Lobisomem que morava por aquelas bandas. Que nem adiantava se esconder, que até dentro de casa entrava, mas só atacava quem fosse pagão. E adivinha quem era a única que não havia sido batizada? Ai! Dava um medão! Dormir perto da janela ou da porta, nem pensar. E sozinha, jamais. Isso quando eu dormia, porque qualquer sonzinho me acordava. Latidos, então, vixe! Eu jurava que no dia seguinte ia convencer a minha mãe voltar para casa. Mas, amanhecia, começava a brincar e esquecia. Então, anoitecia!

Apesar do mico e do calor, deu um alivio da zorra ser batizada!


Pois é, batismo por batismo, eu sou católica. Se bem que já me batizei de outra religião que nem lembro o nome, umas paradas dos lados do Japão. Isso aconteceu quando eu tinha uns 19 anos.

(Continua)

Link das imagens: Símbolos das religiões Lobisomem

domingo, 20 de março de 2011

Será que agora aprendo a escrever?


Eu sei que estou em falta (de postagens), que não é de agora, mas juro que não é por falta do que contar.
É que ando muito prolixa, fico inventando novelas que não sei como acabar. Ou vocês já esqueceram do Jogo da Verdade? (Que juro, um dia acabo!) Ai, fico meio que na neurinha de ficar incompleto.
Também há outras historinhas que estão meio escritas, tem até o fim, mas não tem o inicio. Oh, Céus!
Mas eu espero que meus problemas estejam acabados. Eis a história:
Uma tarde estava na maravilhosa Livraria Cultura do Shopping Salvador quando vi uma figura que simplesmente me fez fugir, me esconder. Foi mais forte que eu! Foram minhas pernas, não eu! Bem... Fui procurar refugio atras das prateleiras que ficam num canto. E nessas prateleiras tinham livros de arte, sobre literatura e... e... e... uns livrinhos para quem quer fazer literatura.
Esqueci até o bofe (não adianta, não vou contar!) e me entreti com os livros. Escolhi um deles para comprar, ou melhor, investi no meu prazer de contar histórias.
O livro foi esse ai da imagem. Ele me pareceu bem interessante!
Vamos ver se aprendo a escrever direito, agora!

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Pessoa, humano.


"Tudo vale a pena quando a alma não é pequena." Frase tantas vezes ouvida e lida, por muito tempo foi a única referência de Fernando Pessoa na minha vida.

Imagina, um poeta português! Logo imaginava que seria complicado compreender sem o auxílio da professora de literatura, assim como era Gil Vicente e Camões. Literatura de colégio: chato, denso, apenas para as avaliações. Não tinha a menor vontade, curiosidade, ânimo de ler algo de Fernando Pessoa.

Até que numa "festa" familiar me deparei com um pocket book com coletênea de Pessoa. Abri ao acaso e me deparei justo com "Tabacaria". Não só entendi o que ali estava, como senti. Algumas páginas a seguir, me deparei com "Poema em linha reta". Duas páginas de pura identificação. Não sosseguei enquanto não comprei um livro para mim. E lá se vão mais de dez anos de puro amor!

Chega a ser reconfortante ler as obras de Fernando Pessoa. "Não sou a única!" É como se fosse aquele amigo que não só diz que "sabe o que você está sentindo". Ele realmente compreende daquela jeito que só a vivência traz. Nas várias Pessoas, ou heterônimos, as várias emoções imperfeitamente humanas se traduzem. "Fernando Pessoa me entenderia."

Acho que um dos motivos de gostar tanto de Fernando Pessoa é a mistura entre sua obra grandiosa com sua vida meio loser. Por Pessoa ser tão Humano.

Por isso que foi com grande alegria que, ao visitar São Paulo, soube que no Museu da Língua Portuguesa dedicou um andar a exposição "Fernando Pessoa: plural como o universo". Que alegria me encontrar mais uma vez com meu grande amigo! Passei uma hora muito agradável no labirinto poético de Pessoa.

Claro, recomendo (muito) que quem esteja em São Paulo, vá também. Há fotos, livros, vídeos, trechos de obras para iniciantes e iniciados. Mas, quem não está em São Paulo há a opção do site: aqui.

Outra dica é o documentário exibido pela Globo News "Fernando Pessoa: O Poeta Fingidor" que pode ser vista através do blog da série aqui.

As fotos foram tiradas por mim na exposição citada.

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Como perder um cara com 10 erros de maquiagem

Fuçando os blogs alheios, mais especificamente Nem toda menina é Barbie, encontrei esse vídeo divertidíssimo do Makeup Geek.
Apesar de ser em inglês dá prá entender muito bem a mensagem, que muitas vezes nos maquiamos para ficarmos divas e acabamos parecendo palhaças.


O pior é que, pensando bem... não é que eu cometo às vezes uns errinhos desses?!

Então, fica a dica: maquiagem sim, palhaçada não!

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Pôr do sol na ponta dos dedos

Aviso: Postagem com conteúdo deliciosamente fútil.


Gente, eu confesso: estou viciada nesse lance de esmaltes / nail art!
Eu não era assim até cerca de 2 meses atrás... Eu juro! Mas fui num blog dessas meninas que tem 3000 esmaltes e CABUM!

Essa foi minha primeira tentativa a sério de fazer... nail art (?!)... a partir de um post do Tudo sobre Esmaltes e inspirado naquelas imagens clássicas de pôr do sol tropical.
Afinal, é verão e estou de férias!

Agora que desabafei (rs) podemos no próximo post retornar a nossa programação normal. (???)

Parte acrescentada no sábado 08/01/11:

Como fiz o "pôr do sol":
1. Passei 2 camadas de esmalte vermelho claro (Avon provocante) da cutícula até a metade da unha (acabou indo mais que isso).
2. Esperei secar completamente prá não borrar tudo.
3. Passei 2 camadas de esmalte amarelo (Riqué amarelo real) do "meio" (um pouco em cima do esmalte vermelho tbm prá fazer o "recheio" laranja) prá ponta da unha.
4. Óleo secante.

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Dona Mariquinha

Dona Mariquinha era uma mulher muito temente a Deus. Muito religiosa, mesmo! Pode perguntar ao padre Raimundo: Dona Mariquinha, desde novinha, não era mulher de perder missa ou faltar com os trabalhos da comunidade.

- Se cada um fizer a sua parte, Deus não irá faltar com a Dele! - repetia.

Acontece que sua casa ficava justo na rua às margens do Rio Suçuarana, que contornava sua pacata cidade. E perto dali, já há alguns anos, foi construída uma barragem na cachoeira rio acima. Isso até que era bom, pois na estação das chuvas o rio não enchia mais tanto.

Mas a obra do homem é imperfeita, né? Justo num toró, duas comportas da barragem não agüentaram a pressão da água e TCHIBUM... Foi aquele mundaréu de água rio abaixo.

Foi um “Deus me acuda!” literalmente. Dona Mariquinha se ajoelhou no pequeno altar que mantinha no quarto e dali oração para Deus segurar as águas que a essa altura já começava a invadir a entrada da casa.

- Mariquinha, mulher! ‘Bora logo! – gritou Totonho, seu marido.

- ‘Bora pr’onde?

- ‘Bora fugir que o aguaréu ‘tá vindo! ‘Bora prá parte alta da cidade que aqui não vai dar jeito, não.

- Que homem de pouca fé é você! Se diz tão católico e com essa pouca confiança em Deus. Ele não há de nos faltar! Se junte a mim no Terço.

-Mas, Mariquinha... Você reza no caminho. Vamos, mulher!

- Deus está vendo essa sua falta, hein? Vá você com sua covardia que ficarei aqui com minha fé.

-Mas, mulher...

Totonho acabou fugindo prá parte alta da cidade e Dona Mariquinha ficou, rezando, já com a água chegando ao quarto onde estava.

Algum tempo depois, ouviu alguém gritar:

-Ainda tem alguém ai?

- Eu estou aqui, na Graça de Deus. –gritou de volta.

Seu Vicente entrou de canoa e tudo, encontrando-a empoleirada no em cima do guarda-roupa com a imagem de Santo Antonio nos braços.

- Ô vizinha, o que está fazendo ai? Inda bem que algo parecia me dizer prá vim prá esses lados. Ainda muita água ta vindo. Faz o favor de vim comigo que a sinhora levo prum lugar mais seguro.

- Muito obrigada ao senhor, mas vou ficar aqui. O lugar mais seguro que existe é com Deus e eu estou com ele. Eu que fui uma boa cristã minha vida todinha, não hei de ser abandonada agora. Deus, que tudo pode, irá proteger meu lar e a mim!

- Mas vizinha! A senhora tem que sair daqui. Minha canoa é humilde, mas faz medo não. Melhor que ficar ai. A senhora faz o favor de vim que eu te acudo.

- Não preciso ir a lugar nenhum, pois quem bem sabe do quando fui e sou uma boa católica é Deus. Apesar de não ter virado freira, eu me dediquei ao próximo. Então agora minha fé não vai falhar e Deus me dará o livramento!

Não adiantou Seu Vicente gastar o latim, pois cerca de 20 minutos depois ele remou para fora da casa sem a Dona Mariquinha que não queria sair por nadica desse mundo. Ela insistia que tava protegida por Deus.

Como se não bastasse a água que descia da barragem, a chuva apertou. Seu Totonho, coitado, pedia que alguém fosse lá acudir a esposa. Mas quem disse que acreditavam que ela ainda tava lá? Só quando chegou o Seu Vicente que acreditaram no homem. E agora e agora e agora? Como iam arrancar aquela mulher de casa?

O padre Raimundo até quis ir até a casa na canoa, mas o impediram. Seria uma sandice alguém querer descer! Pois veja que Dona Mariquinha morava justo na margem do rio. Quer dizer, agora tava bem no meio daquele mundão d’água.

Mas num é que vinha um helicóptero da polícia da capital, auxiliando nos resgates? Quando sobrevoavam aquelas casas imersas na água, viram uma senhora ajoelhada, agarrada numa imagem de Santo Antonio, em cima de um dos telhados. Sim, era a Dona Mariquinha.

-Oh, coitada! Deve todo mundo ter fugido e esquecido a velha prá trás. – comentou o piloto.

De pronto jogaram uma escada de corda e um dos policiais desceu para auxiliar a senhora no resgate. Mas quem disse que Dona Mariquinha queria ir?

-Não, muito obrigada, mas não preciso ir. Minha fé em Deus é grande e Ele me dará o livramento e nada acontecerá comigo.

- Minha senhora, este local está perigoso. A água está descendo e logo todas as casas ficarão embaixo d’água.

-Você não tem fé em Deus, não?! Pois eu tenho sei que ele dará ordens para proteger aqueles que acreditam Nele. Nada de mal irá me acontecer. Eu vou ficar aqui louvando a Deus!

O policial e a Dona Mariquinha começaram a discutir. “Que velha teimosa! Deve já estar gagá.” Depois de muito trelelê, o policial decidiu levar a mulher por bem ou por mal. Afinal, seu dever era salvá-la independente de seu estado mental. Pois Dona Mariquinha começou a querer fugir do homem e começou a correr pelo pequeno telhado. Só que uma telha quebrou, Dona Mariquinha caiu quebrando as demais e ela acabou indo prá dentro da casa submersa.

Bem, ela morreu e como realmente sempre foi uma mulher muito devota e boa, foi para o Céu.

Mas quem disse que Dona Mariquinha estava satisfeita? Ela tava uma arara!

- Como Deus pôde me abandonar justo na hora que mais precisei Dele? Eu sempre fui uma mulher muito seguidora dos Seus mandamentos. Prá que? Prá morrer assim? Desassistida? Deus não podia me dar uma paga dessas! – reclamava.

-Não. Deus me deve uma explicação! Quero falar com ele!- decidiu.

Tanto encheu o saco dos anjos e dos Santos, especialmente de São Pedro, que não é que acabou conseguindo uma audiência?!

Nem bem os portões celestiais sem abriram, Dona Mariquinha já entrou reclamando:

-Mas, Deus! Como pôde fazer aquilo comigo?

-Aquilo o que Mariquinha, minha filha? –falou pacientemente.

- Me abandonar para morrer daquele jeito! Justo eu que desde criança seguir seus mandamentos, nunca faltei aos meus compromissos na paróquia e na comunidade, casei pura, criei meus filhos e meus afilhados nos mandamentos da Igreja, fiz trabalho voluntário...

Durante bem uns quarenta minutos Dona Mariquinha falou sem parar, falando o quanto foi uma boa católica, o que fez e Deus não atendeu suas orações de proteção e livramento durante a enchente.

- Mas eu te atendi, Mariquinha! Eu mandei seu marido ir te buscar no quarto, mas você não quis ir. Enviei uma canoa para te levar para fora daquela enchente, mas você não quis ir. Desviei um helicóptero de sua trajetória para ir te resgatar, mas você acabou fazendo uma confusão e não quis ir. O que mais você queria que eu fizesse para te proteger e te livrar daquela situação?

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Eu sempre conto essa estória, aprendida há muitos anos e todo modificada pelo tempo, aos meus alunos do Noturno, quando começam a dizer: "Se Deus quiser, eu aprendo." "Se Deus quiser eu vou passar de ano." "Se for a vontade de Deus..."

Muitas vezes, Deus quer, mas é necessários que nós façamos a nossa parte.