Desde 2006 servindo algumas lasanhas e muitas abobrinhas.

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segunda-feira, 25 de dezembro de 2006

Comercial de margarina

O som estridente do despertador... Que péssima forma de acordar!
Assim que abriu os olhos, a primeira imagem que Leda viu foi do relógio marcando, implacável, 6 h. Sentia que mesmo quando estava dormindo, já estava se preparando para acordar na hora determinada. Não encontrava outra explicação para, apesar de adormecer no lado oposto, sempre acordava virada pra o relógio da cabeceira. “Sinal que nem dormindo, relaxo!” Pensou com mau-gosto.
Antes que pudesse considerar ignorar o despertador e continuar dormindo, se arrastou até o quarto de sua filha, Letícia.
- Acorda! – gritou da porta do quarto e se dirigiu a cozinha.
À caminho da cozinha, ainda pôde ouvir: “Tô indo!”
Para lhe dar ânimo, ligou a pequena televisão da cozinha, sem sequer notar o que estava passando. Era a transmissão de uma missa, mas a programação era o que menos importava agora. O papel da tv ligada naquele horário era unicamente de fazer barulho, abafando o sono e os pensamentos que lhe assaltavam a mente, naquele momento do dia. Dia, esse, que mal se iniciava.
Colocou água no fogo para o café e o leite para esquentar. Tirou o pão da geladeira e pôs na torradeira.
Mecanicamente, voltou à porta do quarto da filha e repetiu:
- Acorda!
Enquanto voltava aos preparativos pra o café-da-manhã, ainda ouviu “Tô acordada!” “Acordada? Ela tá é dormindo ainda! Eu bem que avisei à Teo! Eu avisei! Não ia dar certo essa história de Letícia estudar de manhã! Mas não... não... “Ela vai se acostumar.” Se até hoje ele não se acostumou, imagina a menina... Por falar nisso... Cadê o Teo que ainda não vi?”
Voltou á porta do seu quarto e encontrou seu marido dormindo, boca aberta, corpo espalhado pela cama. “ Tá vendo? Será que ele não ouviu o despertador? “
- Teodoro! Acorda homem de Deus! – gritou sacudindo-o.
- Onde? Onde? – Falou Teo assustado, como se ainda estivesse sonhando.
- Onde o que? São 6:17 da manhã , homem! Você não ouviu o despertador?
Ao senti o cheiro de leite queimando, Leda lembra que havia posto leite pra esquentar. Num pulo saltou da cama e correu pra cozinha.
Um cheiro de leite queimado tomou o pequeno apartamento de seis cômodos. Boa parte do fogão acabou sujo com a espuma branca. “Ótimo! Mas um trabalho!”
Felizmente ouviu o barulho do chuveiro ligado, sinal que algum dos dois já havia entrado no banho.
Havia terminado de colocar a mesa e limpar o fogão quando a filha apareceu: cabelo despenteado, camisa da farda por fora da calça com o cinto pendurado. Letícia se jogou na cadeira e sem abrir os olhos direito despejou o leite e colocou o pó do achocolatado. Enquanto a filha comia, Leda aproveitou pra ir tomar uma chuverada rápida.
Ao sair do banheiro, Teo ainda não havia terminado de se vestir, muito menos havia tomado café da manhã. “Estava esperando por você!” foi a desculpa.
Sentou na cadeira encarando o relógio e calculando quanto tempo tinha pra comer: cerca de 5 minutos. A filha ainda bebia vagarosamente o achocolatado e mastigava lentamente seu pão, assistindo a tele-aula de história que passava aquela hora na tv. O marido só necessitava de um copo de café com leite, já que estava acostumado à lanchar no meio da manhã, luxo esse que Leda não podia se dar, já que tinha apenas a hora do almoço pra se alimentar. Por isso, sentia necessidade de comer bem pela manhã, já que apenas ás 12 horas, daqui cinco horas e meia poderia comer de novo. Mas como, com o tempo tão corrido? Engoliu as fatias de pão e o café, sem nem sentir direito o gosto. Ainda assim, saiu da mesa após Letícia e Teo, de quem ouviu:
-Você deveria se apressar mais! Você demorando desse jeito, vamos nos atrasar todas as manhãs. E você ainda tem que lavar a louça!
Um pensamento de ódio e ressentimento passou pela cabeça de Leda, que só respondeu:
-Eu lavo quando voltar.
-Depois não reclame que está aparecendo barata aqui em casa! Vê se pelo menos coloque na pia com água.
“Como se fosse necessário logo você dizer isso. “ Leda pensou, mas não disse . Apenas retirou a louça, pôs na pia com água, guardou na geladeira o leite, o açúcar, a geléia e a margarina e no armário o achocolatado. Correu pra o banheiro pra escovar os dentes, colocar o primeiro brinco que viu na frente e pentear o cabelo. Pegou a bolsa, rezando que nela estivesse a carteira, o celular, o carregador e a chave.
Saiu de casa ao som da buzina impaciente do carro de Teo.

5 comentários:

Anônimo disse...

olá!!!!! feliz natal!!!!!

Juliana Maccari disse...

Não sei porque,mas vi um monte de mulheres da minha família,mulheres que eu conheço,mulheres que são minhas amigas,nesse post.

Como a vida seria boa se fosse um comercial de margarina...'')

Jeffmanji disse...

menina!

que post. só num entendi o pq de propaganda de margarina. tá com cara de novela mexicana!

huahuahauhaua
brincadeira.

passa no nosso e deixa uma esculhambação tb, blj?

Força Sempre.

Ks disse...

6 da manhã? Não quero ter de voltar a acordar este horário.

Anne disse...

Menina... e por isso que não penso mais em ter filhos... pense lá se quero isso! Ah, já basta ter de acordar as seis... mas ainda ter de cuidar da mulher e de um marido machista, ninguém merece. Pobre Leda! Ela deveria aprender mais com a Regina!!!!!!!!!!!! ahuahuahuahu

Beijos, Van!