Na lanchonete não tinha canudos, por isso voltei à seção de frios com a lata de refrigerante na mão e o copo na outra. Não demorei para localizar minha amiga escolhendo queijos
Rindo, levantei os dois braços até a altura dos olhos para mostrar que estava com as mãos ocupadas, não poderia ajudá-la. A lata numa mão, o copo na outra. Quando olhei para as minhas mãos, lembrei... Fui pega tão desprevenida!
Um copo numa mão, uma garrafa de água na outra. Ou não seria água? Será que era mesmo um copo e uma garrafa? Com certeza as duas mãos ocupadas. Um gole no copo seguido de um gole na garrafa... Ou seriam uma garrafa e uma lata? Um gole num seguido de um gole no outro. Parece que foi ontem, mas já faz muito tempo. As duas mãos, cada uma segurando um tipo de bebida. Em qualquer bar que tocasse rock no Rio Vermelho.
Curioso lembrar disso agora. Curioso pensar nele assim. Foi tão inesperada essa lembrança, que conseguiu driblar as barreiras que construí entorno de tudo que remete à ele. E eu estava conseguindo até então. Até então, quando me vi com as duas mãos ocupadas: uma lata numa mão e um copo na outra.
As duas mãos ocupadas. Uma bebida, outra bebida. Um gole de um lado, outro gole no outro. Essa imagem ficou em replay contínuo na minha mente.
Senti uma grande saudade! Queria que naquele momento ele aparecesse inesperadamente de um corredor daquele supermercado. Fiquei na vontade...
Aquele sentimento e naquelas recordações faziam meu coração arder, enquanto fingia prestar atenção nas reclamações de minha amiga sobre o preço das frutas.
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