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domingo, 10 de abril de 2011

Fé, Bárbara! - Parte I


Quando falam de religião e tals, eu digo: “Pô, véi... Eu sou baiana, tá ligado?” Mas quase nunca as pessoas entendem, então eu deixo prá lá, digo que sou uma pessoas muito espiritualizada e essas paradas aê.

Eu nasci com o cordão umbilical enrolado no pescoço num dia 4 de dezembro. Por isso “Maria Bárbara”, porque era prá ser Ana Carolina! Mas arranjaram de falar prá minha mãe que criança que nasce com cordão umbilical enforcando tem que chamar Maria, caso contrário morre afogada ou queimada. E se for homem? E eu lá sei! Chama de Mário... E Bárbara porque nasci no dia de Santa Bárbara, que é a mesma coisa de ser Iansã aqui na Bahia. Minha mãe, prá fortalecer que nada de ruim me acontecer, reforçou com a santa do dia. E dizendo ela que levando uma orixá de brinde. Vê se pode? Minha mãe tem cada uma!

E que ninguém me chame só de Bárbara na frente dela, não. “É Maria Bárbara!” É que ela acha que prá parada do afogamento ou “queimamento” não acontecer, tem que todo mundo me chamar de Maria também. Eu nem ligo mais, até acho graça. Mas eu ficava retada quando ela fazia isso, mais nova. Por que fica um nome pesado “Maria Bárbara” né? Não combina comigo, não! Mas agora ta relax, todo mundo já sabe que na frente de minha mãe eu sou a Maria Bárbara e ta tudo lindo.

Quem olha assim, acha até que minha mãe entende dessas coisas de religião, né? Mas que nada! Acho que ela se deu por satisfeita com meu nome, pois apesar de ter madrinha e padrinho desde antes de nascer, só fui batizada aos 12 anos. Que mico! Um monte de bebezinhos e eu lá, de vestido embaixo do joelho cheio de fricotes e cabelo mais amarrado que cavalo arredio. E isso em pleno verão! Como se a situação já estivesse muito bonita pro meu lado, tive que ainda segurar uma vela.

Mas encarei! Mesmo porque, se fui batizada, foi muito pela minha insistência. Não dava mais prá ser pagã e correr o risco de ser atacada por um Lobisomem. Ria não, que é sério!

Todo ano a gente ia prá o sítio de Toinho pro São João. Eu passava o recesso junino todo lá, na maior gandaia. Exceto quando anoitecia, que ai que começava meu drama! Meus primos, aquelas pestes, contavam umas histórias super escabrosas sobre um Lobisomem que morava por aquelas bandas. Que nem adiantava se esconder, que até dentro de casa entrava, mas só atacava quem fosse pagão. E adivinha quem era a única que não havia sido batizada? Ai! Dava um medão! Dormir perto da janela ou da porta, nem pensar. E sozinha, jamais. Isso quando eu dormia, porque qualquer sonzinho me acordava. Latidos, então, vixe! Eu jurava que no dia seguinte ia convencer a minha mãe voltar para casa. Mas, amanhecia, começava a brincar e esquecia. Então, anoitecia!

Apesar do mico e do calor, deu um alivio da zorra ser batizada!


Pois é, batismo por batismo, eu sou católica. Se bem que já me batizei de outra religião que nem lembro o nome, umas paradas dos lados do Japão. Isso aconteceu quando eu tinha uns 19 anos.

(Continua)

Link das imagens: Símbolos das religiões Lobisomem

7 comentários:

Ana Paula disse...

Oii, obrigada pela visita! LH é bem legal sim. Seu blog é bem interessante, da para achar muito coisa legal por aquii, beijo (:

Alex Azevedo Dias disse...

Bárbara católica...e... Oyá, Epahei Iansã! Independente de Iansãs e Bárbaras, simplesmente Maria. Aquela que seria Ana Carolina, mas que virou Maria pelo laço do cordão. Marias que desatam nós. Marias que apagam fogueiras. Foi batizada aos 12 anos, no catolicismo, batizado aos 19 num lance aí japonês, mas se perguntarem qual a sua religião, a Maria diz com toda a fé: Eu sou baiana!! Adorei sua forma de escrever! Grande abraço...

Ana Karolina disse...

Muito interessante seu blog. Cheio de posts uteis. Adorei
Beijos.

Aécio Murillo disse...

Olá obrigado pela visita seu blog emuito interessante passarei aq mais vezes, vou me tona um seguidor,bom saber que tem ot ra Baiana aq,

Alex Azevedo Dias disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Alex Azevedo Dias disse...

Agradeço o comentário no meu conto e o elogio do meu comentário que eu escrevi neste mesmo texto. Mas quero que fique bem claro que eu só me inspirei para fazer esse comentário que você gostou porque o seu texto é ótimo. Se o seu texto não tivesse permitido a minha identificação e de leitura agradável, eu jamais teria escrito o que eu escrevi para você. Então, nem pense nesse hipótese de "substituir" o meu pelo seu. Pois sem o seu, o meu não seria nada, nem existiria! bjs...

Aécio Murillo disse...

Ae Vanessa percebi que vc é de Salvador, tambem, estou procurando fazer contato e disseminar meu trabalho, sou Soteropolitano tambem,então podemos unir forças e trocar mais idéias e divulgar mais o trabalho de ambos. até mais.