Desde 2006 servindo algumas lasanhas e muitas abobrinhas.

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terça-feira, 21 de novembro de 2006

Regina



Sorriu porque não lhe ocorreu outra coisa á fazer. Mas foi um sorriso amarelo como a polpa de uma manga, só que menos úmido. Enquanto isso, Rodrigo pisava em seus sonhos como se fossem folhas secas outonais jogadas pela calçada. Dava pra ouvir até o “trec”.
Mas foi com o rosto coberto de lágrimas que atravessou o bairro à pé, sem se importar se alguém a via, se percebiam. Era-lhe tão óbvio que todos sabiam! Sentia na testa e placa de “Otária”.
Raiva. Era raiva que sentia. De inicio sentiu auto- piedade, mas esta foi substituída por um gosto de sangue.
Seus passos faziam o pavimento se estremecer. Cortava o vento, enfrentando-o sem medo, fronte erguida. Chorava, mas a vista não estava embaçada, muito pelo contrário, nunca havia enxergado tão claramente!
Em casa, não reconheceu o rosto no espelho. Tomou banho frio enquanto ouvia um velho CD que nem mais lembrava de quando havia comprado. Ainda nua, foi à cozinha, pegou a garrafa de vinho tinto que havia sido aberta há um mês e bebeu no gargalo enquanto vestia a sua roupa favorita, a que lhe deixava mais provocante. Acendeu um incenso de rosas vermelha e se maquiou sem pressa, verificando no espelho o resultado. Por fim, decidiu deixar os cabelos soltos.
Em cima de um salto 9 desceu pelas escadas mesmo. Na esquina, entrou num táxi.
-Onde, dona?
- No local mais distante que R$100,00 podem me deixar.

3 comentários:

Anne disse...

Uau!!! Adorei conhecer a Regina! Como todo ser humano, ela comete erros. Mas olha, garota determinada, disposta a mudar. Se já teve alguma placa com o nome "otária" na testa, agora tem mais não! Hehehe!

Bjim.

Anônimo disse...

Nunca podemos ir longe o suficiente para fugir de nós mesmos... Adorei o texto! Beijos, Pri

Anônimo disse...

Nossa. Adorei o texto. Fiquei pensando em quantas vezes ja nao quis fazer isso! *fugir, nao vestir um salto alto e colocar uma roupa provocante - diga-se de passagem!)

rs...


Beijos