- Tiaaaaaa! Você ainda tá aqui!
- Claro que sim, meu amor!
- Bom dia, Tina!
O rosto dela contraiu. Como ele tinha coragem de chamá-la assim? Nunca havia lhe dado intimidade para isso. Cínico!
- Bom dia, Benedito.
Virou as costas, com o sobrinho no colo, deixando o rapaz rindo na entrada do apartamento. Foi prá cozinha como se intimando a irmã.
.
O visitante fechou a porta, sentou-se no sofá e ligou a TV. Agia como se nunca tivesse decidido que não iria mais viver ali. Marília, ao chegar na sala e ver a cena, respirou fundo prá não reclamar. Não queria brigar no dia do aniversário de Edgar.
Então, sentiu o cheiro. Aquele perfume “Minotauro”. Resista!
-Pensei que iria trazê-lo só no fim da tarde.
Sem tirar os olhos da TV, onde passava um desenho animado, respondeu.
- Algum problema nisso?
- Você não passou nem três horas com o menino.
- E vou passar mais! Só que aqui.
- Aqui?
- É, sim! – Tirou os olhos da TV e a encarou - Na casa que minha família comprou prá nosso filho crescer. .
- E que você abandonou dizendo que era prá nosso filho.
- E eu falei o contrário?
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Andou de um extremo a outro da sala, tentando se acalmar prá evitar uma discussão.
- Hoje é aniversário dele, Tito! Porque você não passa o dia com ele passeando?
- Porque eu e ele queremos passar aqui, com você que é a mãe dele.
- Só que... só que... – respirou fundo. - Eu e Martina estávamos preparando a festinha surpresa prá ele. Prá quando ele chegasse, encontrasse tudo pronto!
- Ele sabia que haveria a festa. Ele quem me contou. Pronto, vamos ajudar!
- Você quer ajudar? Quer mesmo? Pague a pensão em dia. Só essa ajuda que eu quero de você.
- Lá vem você com sete pedras na mão! Você bem sabe que eu não pago no dia, mas eu pago. Eu vivo de comissão, baby, esqueceu?
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Marília tentou voltar prá cozinha quando viu Tito levantando-se e andando em sua direção. O perfume... Todo lindo! Resista! Mas ele foi mais rápido e a abraçou pelas costas.
- Má... Você é má comigo! A gente não podia ainda estar vivendo aqui juntinho, como uma família? Ai, qualquer trocadinho...
- Me solta, Tito!
- que eu ganhasse ia chegar a sua mão – sussurrando no ouvindo – todo dia!
- Me larga!
- Não. Você não quer isso, não. Eu sinto isso! – e a apertou mais forte contra o corpo.
- Tito, me larga que eu preciso terminar os salgados da festa!
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Ao consegui soltar-se, consertou a blusa e encarou seu ex-marido.
- Muito bem! Você quer ajudar! Então fique olhando o menino enquanto eu e Martina terminamos, que cozinha não é lugar de criança.
- Tem alguma gelada aqui?
- Nem gelada, nem quente.
- E você vai servir o que na festa?
- Refrigerante. Aniversário de criança se serve refrigerante.
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Foi à cozinha e voltou com o filho nos braços. Ao colocar a criança no colo do pai, perguntou:
- Por falar nisso, como foi que você entrou no prédio, hein?
- Usando minha chave do portão.
-Ah! Usando sua chave! Óbvio!
Ao caminho da cozinha, Marília teve uma idéia e retornou.
-Você poderia me emprestar essa chave?
- Prá quê? – perguntou Tito intrigado.
- Hum... Martina precisa descer prá comprar um ingrediente e o interfone está quebrado.
- E a sua chave?
- Vamos lá, Tito! – estendendo a mão.
Dando uma risadinha, Tito retirou a chave do chaveiro.
- Obrigada!
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Na cozinha, contou seu plano aos cochichos para a irmã.
- Desça e finja que vai comprar alguma coisa. Aproveite e compre mesmo, que vai dar na vista se ele te ver sem nada, na volta. Compre... leite moça e nescau. Na volta, não devolva a chave prá ele. Eu vou ficar prá mim.
- E ele não vai sentir falta da chave, Mari? Pense! Se ele até hoje anda com ela. É capaz de ter até daqui da porta.
- É mesmo! Mas eu penso isso depois. O importante é “esquecermos” de devolver a chave prá o Tito. Agora, vá! Mas não demore que ainda tem muita coisa prá fazer.
.....
Capítulo especialmente dedicado ao Ronca Ronca e as fofuxas e fofuxos que conheci através do programa!
2 comentários:
Eu me rendo! hahahahaha
ueeuheueuheuueuheh booom'
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