Desde 2006 servindo algumas lasanhas e muitas abobrinhas.

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quinta-feira, 28 de dezembro de 2006

Kit para trilhas e afins.

Hoje vi uma listinha que me pareceu ser tão útil, que resolvi colocar aqui. Afinal, essa é uma época de férias, viagens, etc. Originalmente, feita pra pessoas que estão indo fazer trilha na Chapada Diamantina, mas pode ser adaptada conforme o destino. Lista de Wanessa Rocha.
Vestuário:
2 shorts de tecido leve para fazer trilha. 2 bermudas para passear na vila a noite ou mesmo fazer trilha tb.1 calça, caso faça frio ou se chuver. 2 camisetas para trilha ou blusas leves sem manga. 2 camisas de maga para noite na vila e dormir tb. 1 blusão de manga comprida caso faça frio. 3 pares de meias para revesar no dia a dia das trilhas e saídas a noite.1 conjunto de roupa para dormir.1 roupa para tomar banho de cachoeira e rio.quantidade de roupas intimas leve a seu gosto e necessidade.
Utilitário pessoal/geral:
talheres (colher grande, pequena, garfo e faca)prato / copo ,papel higiênico, escova / creme dental, pente ou escova de cabelo, sabonete sabão neutro para lavar roupa, toalha, cobertor, saco de dormir ou colchonete, travesseiro pequeno, protetor solar, óculos escuros, boné ou similar, desodorante, sandália, sapato para trilha com solado aderente. canivete / faca, cantil, lanterna, bússola, máquina fotográfica / filmadora, pilhas, kit primeiros socorros, sacola pequena com alça para levar kit básico para as trilhas, mochilão de camping
alimentação:
café solúvel, leite em pó, chocolate em pó, miojo, enlatados de sardinha / atum / salsicha ou quitute, feijoada em lata, granola, barra de cereal, chocolate, biscoito salgado / doce / recheado, suco em caixinha ou em pó
OBS.:
1 - calcular a quantidade de alimento para 6 dias a saber o q geralmente vc come pela manhã, sabendo q a tarde estaremos nas trilhas, potanto não almoçamos e sim lanchamos, e é geralmente durante a noite quando nos alimentamos mais e melhor.
2 - esta lista é de sugestões, portanto adapte ao q possui, ao seu gosto e ao q pode adquirir no momento.Lista de sugestões para alimentos
COLETIVOS.
açúcar, sal, tempero pronto, linguiça, sopão, pacote de macarrão, pacote de arroz, pão manteiga / margarina

segunda-feira, 25 de dezembro de 2006

Comercial de margarina

O som estridente do despertador... Que péssima forma de acordar!
Assim que abriu os olhos, a primeira imagem que Leda viu foi do relógio marcando, implacável, 6 h. Sentia que mesmo quando estava dormindo, já estava se preparando para acordar na hora determinada. Não encontrava outra explicação para, apesar de adormecer no lado oposto, sempre acordava virada pra o relógio da cabeceira. “Sinal que nem dormindo, relaxo!” Pensou com mau-gosto.
Antes que pudesse considerar ignorar o despertador e continuar dormindo, se arrastou até o quarto de sua filha, Letícia.
- Acorda! – gritou da porta do quarto e se dirigiu a cozinha.
À caminho da cozinha, ainda pôde ouvir: “Tô indo!”
Para lhe dar ânimo, ligou a pequena televisão da cozinha, sem sequer notar o que estava passando. Era a transmissão de uma missa, mas a programação era o que menos importava agora. O papel da tv ligada naquele horário era unicamente de fazer barulho, abafando o sono e os pensamentos que lhe assaltavam a mente, naquele momento do dia. Dia, esse, que mal se iniciava.
Colocou água no fogo para o café e o leite para esquentar. Tirou o pão da geladeira e pôs na torradeira.
Mecanicamente, voltou à porta do quarto da filha e repetiu:
- Acorda!
Enquanto voltava aos preparativos pra o café-da-manhã, ainda ouviu “Tô acordada!” “Acordada? Ela tá é dormindo ainda! Eu bem que avisei à Teo! Eu avisei! Não ia dar certo essa história de Letícia estudar de manhã! Mas não... não... “Ela vai se acostumar.” Se até hoje ele não se acostumou, imagina a menina... Por falar nisso... Cadê o Teo que ainda não vi?”
Voltou á porta do seu quarto e encontrou seu marido dormindo, boca aberta, corpo espalhado pela cama. “ Tá vendo? Será que ele não ouviu o despertador? “
- Teodoro! Acorda homem de Deus! – gritou sacudindo-o.
- Onde? Onde? – Falou Teo assustado, como se ainda estivesse sonhando.
- Onde o que? São 6:17 da manhã , homem! Você não ouviu o despertador?
Ao senti o cheiro de leite queimando, Leda lembra que havia posto leite pra esquentar. Num pulo saltou da cama e correu pra cozinha.
Um cheiro de leite queimado tomou o pequeno apartamento de seis cômodos. Boa parte do fogão acabou sujo com a espuma branca. “Ótimo! Mas um trabalho!”
Felizmente ouviu o barulho do chuveiro ligado, sinal que algum dos dois já havia entrado no banho.
Havia terminado de colocar a mesa e limpar o fogão quando a filha apareceu: cabelo despenteado, camisa da farda por fora da calça com o cinto pendurado. Letícia se jogou na cadeira e sem abrir os olhos direito despejou o leite e colocou o pó do achocolatado. Enquanto a filha comia, Leda aproveitou pra ir tomar uma chuverada rápida.
Ao sair do banheiro, Teo ainda não havia terminado de se vestir, muito menos havia tomado café da manhã. “Estava esperando por você!” foi a desculpa.
Sentou na cadeira encarando o relógio e calculando quanto tempo tinha pra comer: cerca de 5 minutos. A filha ainda bebia vagarosamente o achocolatado e mastigava lentamente seu pão, assistindo a tele-aula de história que passava aquela hora na tv. O marido só necessitava de um copo de café com leite, já que estava acostumado à lanchar no meio da manhã, luxo esse que Leda não podia se dar, já que tinha apenas a hora do almoço pra se alimentar. Por isso, sentia necessidade de comer bem pela manhã, já que apenas ás 12 horas, daqui cinco horas e meia poderia comer de novo. Mas como, com o tempo tão corrido? Engoliu as fatias de pão e o café, sem nem sentir direito o gosto. Ainda assim, saiu da mesa após Letícia e Teo, de quem ouviu:
-Você deveria se apressar mais! Você demorando desse jeito, vamos nos atrasar todas as manhãs. E você ainda tem que lavar a louça!
Um pensamento de ódio e ressentimento passou pela cabeça de Leda, que só respondeu:
-Eu lavo quando voltar.
-Depois não reclame que está aparecendo barata aqui em casa! Vê se pelo menos coloque na pia com água.
“Como se fosse necessário logo você dizer isso. “ Leda pensou, mas não disse . Apenas retirou a louça, pôs na pia com água, guardou na geladeira o leite, o açúcar, a geléia e a margarina e no armário o achocolatado. Correu pra o banheiro pra escovar os dentes, colocar o primeiro brinco que viu na frente e pentear o cabelo. Pegou a bolsa, rezando que nela estivesse a carteira, o celular, o carregador e a chave.
Saiu de casa ao som da buzina impaciente do carro de Teo.

quinta-feira, 14 de dezembro de 2006

A volta de B.

Como você tem coragem de chegar assim, como se não fosse aquele a quem eu esperava?
Como você pôde encurtar meus dias, alongar minhas noites, arrancar o chão dos meus pés?
Como você consegue estremecer o prédio em que moro?

Eu já havia acostumado com a idéia que você era apenas fruto de minha fértil imaginação. Você era minha musa inspiradora, sob forma masculina. Podia realçar as qualidades, esconder os defeitos, dar excessivo valor à cada palavra dita por você como se fossem verdades absolutas.
As vezes você era apenas um par de olhos que hora eram azuis, hora eram verdes... Outras vezes era uma voz grave em tom baixo que me dizia pausadamente o que eu deveria fazer. Retirei sua humanidade pra te tornar divino.

Ligava a televisão apenas pra abafar o barulho do silêncio. Enquanto esquentava seu almoço, pensava na aula que vinha à seguir, de costas para a pequena TV que exibia um jornal local. As vezes prestava atenção no que diziam, mas quase nunca olhava a tela. Entre uma garfada e outra, apesar de saber que era propaganda, olhou a televisão ... ELE! Cinco anos depois, ELE!

domingo, 10 de dezembro de 2006

Carregando a mulher

Ontem me lembrei de uma estória que me foi contada á cerca de nove anos atrás e que contarei de novo aqui. Lembrando que quem conta um conto, aumenta um ponto.
"O Mestre e o Discípulo viajavam à pé, quando necessitaram atravessar o leito de um rio. O rio era raso, tinha cerca de um metro de profundidade e eles decidiram atravessar andando. Quando iam iniciar a travessia, viram que na mesma margem do rio havia uma jovem mulher, com um longo vestido ricamente bordado, aparentemente ansiosa. Ela esperava alguém passar com um barco para que ela pudesse atravessar para a outra margem. O Mestre então, para o espanto do Discípulo, se ofereceu para carregar a jovem mulher de uma margem a outra e assim foi feito.
O Discípulo não conseguia conter a perplexidade, porque afinal, o Mestre deveria cumprir voto de castidade. Não poderia desejar, muito menos ter contato com mulheres, principalmente as bonitas jovens. "Como pôde fazer isso? Isto é errado! Ele não devia ter carregado aquela jovem!", não parava de pensar.
E durante três dias o pensamento do Discípulo foi tomado pelo pensamento que o seu amado Mestre havia rompido com seu voto de castidade. E o que lhe causava maior assombro era o fato do Mestre não se mostrar arrependido. Parecia que nada havia acontecido! Porém, o Discípulo não comentou nada com o Mestre, por receio de deixá-lo zangado em relembra-lo o erro que cometeu.
Ao fim dos três dias, à noite, finalmente o Mestre perguntou qual era o motivo do Discípulo estar tão inquieto nos últimos dias.
-É porque eu não entendo um ato do senhor.
-Qual ato que você não entende? Fale-me que poderei ajudá-lo a compreender!
- O senhor assim como eu não devemos desejar ou ter contatos diretos com mulheres. Deveríamos honrar com nosso voto de castidade.
-É verdade! E qual a sua dúvida em relação a isso?
-Eu não consigo entender como então o senhor carregou em seus braços uma jovem mulher.
-Uma jovem mulher? Que jovem?
-No rio, há três dias atrás.
O Mestre parou por cerca de dois segundos como se tentasse relembrar que fato foi este que o discípulo mencionava.
-Eu ajudei à uma pessoa em dificuldade a atravessar o rio. Foi aquela jovem, mas eu faria o mesmo por um jovem rapaz, um idoso, uma criança, ou qualquer outro que necessitasse atravessar o rio e tivesse alguma dificuldade nisso. Não sei qual o problema nisso, porque outra obrigação que também devo cumprir é de ser caridoso com o próximo. Mas se você quer pensar que carreguei uma jovem mulher, tudo bem! Eu a carreguei em meus braços por aquele rio, num percurso que durou no máximo três minuto e depois a deixei naquela margem não só fisicamente, mas também em meus pensamentos. Não pensei mais sobre ela ou a travessia. Entretanto você a carrega à três dias em seus pensamentos, trouxe ela até aqui. "
Eu sou professora de alfabetização em uma escola pública num bairro de periferia. Ontem comentei à uma amiga, quando lhe contei essa história, que devo deixar meus alunos lá na escola. Eu não posso ocupar minha mente o tempo todo com os diversos problemas que eles trazem até o ambiente escolar. Assim como a sala-de-aula não é local pra eu ficar pensando naquela conta que não sei onde irei arranjar dinheiro para pagar. Caso contrário, irei ficar mais estressada e emocionalmente desgastada e isso não ajudará meus alunos!
Imaginem se por exemplo um médico cancerologista ficar o dia a noite toda pensando no sofrimento e na doença de seus pacienetes. O médico não conseguirá ajudar à seus pacientes e ficará doente junto!
Uma vez li uma entrevista do Dr. Dráuzio Varella em que ele respondia que o segredo para conseguir cumprir tantas atividades era estar 100% no local e no que estava fazendo, a cada momento. Existe uma palavra para isso, que agora esqueci qual é.
Não significa que quando eu saio da escola, eu apago a existência de meus alunos. Eu me preocupo muito com eles! Mas preocupação á diferente de sofrimento. Eu não posso sofrer por um aluno. Meu sofrimento não ajudará em nada ele e me impedirá de ter a mente fria pra procurar uma solução.